COLUNISTAS
Alerta no segmento industrial siderurgico 01/12/2023
Não é de hoje que a área de siderurgia no país enfrenta seus altos e baixou. Nas últimas semanas, o mercado tanto de ações, como de importação e exportação (que estão ligados de forma direta), vem sofrendo com as estratégias de países que fornecem o produto ao mercado brasileiro, mesmo este tendo grandes empresas que fornecem essa matéria-prima, como o Grupo Gerdau, Vale do Rio Doce, Usiminas, Arcelor Mittal, dentre outras.
Mesmo com o crescimento na venda de aços planos, se comparado a períodos anteriores como 2022, o volume está abaixo do que fora praticado na ocasião.
O que causa esse desajuste e impacta diretamente nas empresas brasileiras, ou multinacionais aqui instaladas? Trata-se da importação deste produto, por um preço mais atrativo as companhias que o utilizam em suas linhas de produção.
Ninguém mais do que a China, é a principal exportadora do produto para o Brasil, e as produtoras do mercado interno não conseguem competir a nível de preço, pois o seu custo fixo é maior, dado o nível de carga tributária e valor da mão de obra aplicada ao processo produtivo.
Um fato interessante é que parte da produção chinesa, ou da matéria-prima utilizada pelo país asiático, é adquirido do próprio Brasil. Ocorre que a China aumenta a composição de metais que geram mais liga ao aço, como bronze, manganês e outros, a custo de trabalho muito inferior ao brasileiro. Assim, há um “aumento” no volume produto, onde é agregado o valor mais baixo de fabricação, tornando assim o preço do produto mais barato para aquisição.
Como o Brasil teve neste ano um cenário de compras, maior que as vendas, como ocorre em qualquer segmento ou empresa, o volume de estoques cresceu e isso gera um custo para as companhias. Ter estoques parados, é inferir em gastos que já foram despendidos e só irão retornar ao caixa, quando esse produto for vendido. Assim, estoque em casa é semelhança de um giro baixo de mercadoria, e consequentemente, a não entrada de recursos, uma vez que não houve faturamento.
Com este cenário, as companhias brasileiras tem-se manifestado contra as políticas de importação do aço, alegando a desigualdade de preço e consequentemente, a neutralização de aumentos de quantidades projetadas de venda.
Embora todo esse contexto, o giro de estoque do mercado brasileiro, não sofreu uma queda tão relevante, mas os indicadores apontam para que isso não perdure por muito tempo, caso a situação se mantenha. O controle de estoque é crucial nesses momentos para qualquer empresa, pois pode acarretar em danos financeiros e econômicos (resultado).
Não há no momento, perspectivas de mudança por parte do Governo Federal, uma vez que o foco principal é a Reforma Tributária, inclusive a qual poderia abranger o próprio mercado do aço. Isso, pode impactar em redução da produção interna, e consequentemente, abranger a empregabilidade que essas empresas proporcionam.
Há que se evidenciar, que o Brasil é o 9º maior produtor de aço do mundo, o qual é aplicado desde a construção de grandes embarcações, até eletrodomésticos, ou seja, a demanda do produto tem uma amplitude considerável, e ainda, é um setor que emprega um número considerável de trabalhadores e tem a sua participação social relevante, estando concentrada em pontos específicos do pais.
O Grupo Gerdau por exemplo, empresa genuinamente brasileira e gaúcha, existe há 122 anos e já está em sua quarta geração. Possui capital aberto, com ações a venda na BOVESPA, e gestão familiar, através de conselhos administrativo e deliberativo (normal para essa forma de empresa).
Com grande representatividade, também atuam no mercado brasileiro as companhias estatais, como a Vale do Rio Doce e Usiminas, cuja propriedade majoritária é do governo brasileiro. Há ainda a Fundição Tupy, a qual pertence ao Banco do Brasil, dentre várias outras que são plantas no pais, de matrizes internacionais.
Os tipos de aços produzidos no mercado brasileiro são o aço carbono, aço inox, aço liga e aço liso. A principal mudança entre estes, é a sua composição, onde existe variação dos metais utilizados na fundição, como: silício, manganês, tungstênio, níquel e molibdênio.