COLUNISTAS

Brasil e Argentina 15/12/2023

Após a posse e anúncio de suas medidas, o ultradireitista Javier Milei, presidente eleito na Argentina, cria um ambiente otimista no médio prazo e pode-se dizer, com frutos a serem colhidos a longo prazo. Posicionando-se sempre como anarco político (tem como premissa a eliminação de qualquer tipo de coerção, não existindo autoridade para com o indivíduo ou sociedade), anuncia corte de gastos, exclusão do subsídio a tarifa de energia elétrica, liberação de preço de combustíveis, cesta básica e planos de saúde; aumento dos impostos sobre importações, desvalorização do peso e privatização de estatais. 
Com essa estratégia, o líder político do país vizinho, prevê uma das despesas do governo em torno de 5,5% relacionado ao PIB. Como consequência dessas imposições, inevitavelmente a economia local sofrerá mais fortemente ainda, a recessão, com aumento inflacionário na casa dos 200% ao ano. 
Justamente nesta tênue linha, poderá observar-se, a reação da população argentina em relação ao seu governo, embora muitos, tenham justificado seu voto na pessoa de Milei, em decorrência dos últimos 20 anos, estarem vivendo sob a mesma égide governamental, ou seja, foi um voto na tentativa de mudança, uma vez que, a prevalência das iniciativas governamentais anteriores, repetitivas, nada geraram de mudança. 
Para qualquer líder político, é uma circunstância extremamente frágil e que requer resiliência e perseverança, mesmo deixando de lado a ideologia política e considerando que o mesmo possui uma pequena fatia de apoio no congresso argentino, pois o país conta atualmente com 25% da população na linha da pobreza. 
Como citado anteriormente, de 72 senadores, apenas 10% são da mesma ala partidária do presidente; em relação a câmara, 15% fazem parte do “La Libertad Avanza. Assim como em qualquer situação similar, ou questão de negociação entre partes, o êxito de Milei, irá ser permeado em diálogo e soluções inclusivas. O que pode colocar tudo isto em questão, é o lado radical de Milei, que prometeu eliminar a classe política tradicional, enquanto que, se fixar o objetivo do seu governo, nos interesses da população, poder reverter realmente a atual situação no médio prazo. 
Mesmo com extremismo, a classe empresarial e econômica vê com otimismo as iniciativas e projetos do novo governo, porém, cientes de que longos momentos até piores do que o atual, estão por vir, ao tempo que, também vislumbram que após a passagem desse período de maior turbulência, tanto a inflação como a questão cambial, deverão voltar a patamares equilibrados e controláveis. 
O presidente tem alguns pontos a seu favor, como por exemplo, a produção agrícola, cuja seca que acabou com o segmento agrícola, já retoma fôlego, o que alavanca as exportações, provendo uma maior arrecadação e auxiliando a redução do déficit público, onde Milei objetiva zerar o mesmo. 
De forma geral, é uma incógnita e não pode-se ignorar que a Argentina é o terceiro importador e exportador para o mercado brasileiro, sendo o principal parceiro comercial. Mesmo afirmando romper relacionamento com o Brasil, após assumir o cargo, a ministra das Relações Exteriores de Milei, Diana Mondino, esteve em terras brasileiras, para estreitar conversas com o chefe do Itamaraty, Mauro Vieira, este que já foi embaixador do Brasil nos Estados Unidos e na própria Argentina, e ainda, ocupou o seu atual cargo, também no governo de Dilma Roussef.
Por serem, o Brasil e Argentina, os maiores sócios do Mercosul e parceiros comerciais estratégicos, importante se faz para a economia brasileira, que Milei leve a Argentina de volta aos trilhos, pois como já dito, 68% das exportações brasileiras, dentro do Mercosul, tem como destino a Argentina.  O Mercosul (Mercado Comum do Sul), é um bloco criado em 1991, sendo formado pelos países: Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Venezuela. O objetivo de sua criação é o aumento da oferta de empresa e renda, além da alavancagem da produtividade e aproximação das relações econômicas.  Teve suas ideias iniciais na década de 80, com o governo de José Sarney e Raúl Alfonsin, respectivamente, Brasil e Argentina; posteriormente juntando Paraguai e Uruguai; e por último a Venezuela, sendo estes, os chamados países-membros. Como Países Membros associados estão a Bolívia e Chile (inclusos em 1996); Peru (2003); Colômbia e Equador (2004) e por fim, Guiana e Suriname (2013). “Um líder é um distribuidor de esperança.” Napoleão Bonaparte.

Outras colunas deste Autor