COLUNISTAS
Quem imaginaria? 17/05/2024
Passaram-se apenas 8 meses da última enchente na região que devastou diversas áreas no vale do Taquari em 2023, nos meses de junho, setembro e novembro. Novamente, a situação se repetiu, de uma forma infinitamente mais extensa, rigorosa e estarrecedora. Algo inimaginável com certeza, pela totalidade de nós gaúchos.
Como muitos pesquisadores do clima a nível mundial já se manifestaram, e não somente agora, mas desde o furacão Catrina e o tsunami no Japão, eventos extremos climáticos, ocorrerão com frequência.
Diversas cidades deverão ser reconstruídas, assim como pontes, estradas e tudo isso de uma forma mais robusta, elevadas e mais preparadas e resilientes para suportarem o efeito devastador da água.
Principalmente no que diz respeito a reconstrução das cidades, estas serão direcionadas para áreas mais altas, íngremes, não úmidas e afastadas das margens de rios, sejam estes do porte que forem.
Muitas vítimas já nem procuram adquirir imóveis ou bens devido a insegurança dos locais onde estavam, para os quais nem irão voltar, uma vez que após a última ocorrência em 2023, foram permitidos a retornar as suas casas.
Neste momento há que se pensar na vida das pessoas e na biodiversidade, no clima. Não precisa ser especialista na área para concluir que as reconstruções já anunciadas, deverão ser feitas em áreas mais seguras.
O momento requer muita paciência, uma vez que, estradas terão de ser limpas, árvores retiradas, pavimentação reconstruída, e paralelamente a isso, o mesmo no entorno e locais urbanos onde os fatos ocorrem. Nas projeções de reconstrução, certamente serão utilizados recursos não paliativos, mas sim, definitivos, para que o fluxo das águas chegue de forma mais fácil ao oceano, evitando enchentes, como a que manteve a região metropolitana de nossa capital, e ela própria, encobertas pela água.
O reconstruir de nosso Estado deverá ser em áreas mais seguras, como já citado e que ofereçam maior resistência as variações climáticas. De acordo com especialistas do Inmet-RS, cidades inteiras terão de mudar de lugar, afastando sua infraestrutura urbana dos ambientes de maior risco.
As áreas próximas as margens de rios, em áreas planas ou com umidade, são justamente as que tem papel fundamental na prevenção de enchentes, pois servem para absorver a água em períodos de chuvas fortes.
Já se sabe que haverá mudanças bruscas objetivando a eficiência em alertas a populações a respeito de possíveis desastres, pois de nada adianta manter o cidadão e a infraestrutura em lugares que possuem, onde inclui-se deixar livres as encostas, regiões sensíveis a alagamentos e deslizamentos.
Todos devem estar conscientes da nova realidade: mudanças climáticas são circunstâncias atuais e não futuras, sem aviso prévio e na maioria das vezes, sem tempo para preparo ou defesa.
Ainda sobre este tema, não se trata se amanhã passa e a vida segue. Já presenciamos inúmeras situações de maior ou menos potencial em diversos pontos do mundo. Pode ser que isso ocorra por muito tempo e todos devem estar preparados para enfrentar.
Não temos como impedir que o evento climático ocorra, porém, é possível reduzir os danos afastando as pessoas das áreas de maior risco e com o planejamento ambiental que se inicia, é possível a retirada com antecedência, de moradores das áreas mais vulneráveis.
Óbvio que vidas e saúde, são prioridade frente a qualquer outra referência que se faça, mas é hora de movimentar-se na questão das políticas públicas, no planejamento das cidades, e a forma como esses fatores afetam as pessoa de forma heterogênea, e ainda, como isso é trabalhado, especialmente sob a ótica da dimensão política do nosso Estado e país.
Em momento algum, o conteúdo deste texto, tensionou a questão de que o maior valor é a vida, mas sim, relatou o quão frágil qualquer estrutura pode ser, diante de uma situação adversa, seja estrutura física, material ou psicológica.