COLUNISTAS
Os escorpiões 26/07/2024
Seguidamente somos procurados (médicos veterinários) por pessoas com dúvidas sobre as mais variadas espécies de animais, sejam domésticos, comensais ou selvagens, por medo, curiosidade ou mesmo para saber normas de convivência pacífica com os chamados irracionais.
Ultimamente quem sabe por coincidência ou porque realmente aumenta a população de escorpiões na nossa região, temos recebido inúmeras perguntas sobre o fato.
Podemos adiantar que, há muitos milhões de anos atrás, quando o nosso planeta tornou-se capaz de sustentar formas de vida superiores em terra firme, um dos primeiros animais a arriscar sua sorte fora da água protetora, foi um invertebrado do grupo dos artrópados, ou seja, com patas e outros apêndices articulados. Esse pioneiro na conquista da terra firme mostrou-se desde logo, um campeão de sobrevivência. Era o escorpião que assistiu incólume à grandes transformações da superfície da terra, à mudanças climáticas inimagináveis, ao surgimento e desaparição de enormes grupos de vegetais e animais.
Desde quando os escorpiões deixaram a água para viver no solo em contato com o ar, passaram-se nada menos que 400 milhões de anos e nesse lapso de tempo, esses artrópodes praticamente não sofreram modificações profundas em sua estrutura corporal.
Atualmente são reconhecidas cerca de 1.400 espécies e subespécies de escorpiões, distribuídos em 116 gêneros diferentes.
No mundo com exceção da Antártica, em todos os outros locais já foram encontrados os escorpiões, dispersando-se passivamente agarrados aos troncos de árvores levados pelos madeireiros, dentro de caixas e caixotes no interior de vagões ferroviários, aviões, caminhões ou levados pelas águas durante as enchentes.
O escorpião armazena toda a peçonha (veneno) que produz em duas glândulas especiais, numa vesícula situada num segmento extra de sua “cauda” chamado “Telson”, o qual se termina por um “ferrão”, órgão perfurante encarregado de introduzir o veneno.
A dor no local da picada é uma das características do veneno dos escorpiões, composto basicamente por uma neurotoxina que atua nas terminações nervosas periféricas. A maior parte dos sintomas que surgem é decorrente da liberação de mediadores químicos na corrente circulatória da vítima, como a acetilcalina (aumento das secreções lacrimal, nasal, salivar, brônquica, sudorípara e gástrica; tremores, espasmos vasculares, miose e diminuição do ritmo cardíaco). Aliás, a toxidade do veneno está relacionada com a espécie do escorpião envolvido no acidente, sendo os casos mais graves no Brasil, os ocasionados pelo escorpião amarelo (TITYUS serrulatus), o qual nunca foi encontrado no nosso Estado, o Rio Grande do Sul, abundando, no entanto em Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia, Rio de Janeiro, São Paulo, Goiás e Mato Grosso do Sul.
Aqui no Estado é comum o escorpião preto (TITYUS costatus), cujo acidente caracteriza-se pela dor local sem maiores consequências.
Os escorpiões não põem ovos como a maioria dos insetos, o nascimento dos filhotes efetua-se por meio de um parto após longa gestação, algo em torno de dois meses e meio a três meses. O número de filhotes por ninhada varia segundo a espécie, podendo chegar a vinte.
O escorpionismo pode ser prevenido através de uma série de medidas e cuidados, dentre estes:
1 - Evitar acúmulo de materiais, entulhos e restos de construções, montes de pedras, lenha, tábuas próximo às residências. Nos jardins, evitar folhagens densas (trepadeiras, bananeiras) junto as casas e manter a grama aparada;
2 - Manter as residências livre de insetos;
3 - Sacudir roupas e calçados antes de usá-los;
4 - Colocar as camas a no mínimo 10cm da parede.
Nos locais aonde surjam seguidamente escorpiões existem métodos eficientes para o controle e mesmo extermínio. Apesar de possuírem armas poderosas, os escorpiões não estão livres de inimigos. Desde os tempos pré-históricos, o homem é, sem dúvida, um de seus maiores adversários. Mas há na natureza, animais que habitualmente comportam-se como temidos inimigos desses artrópodes. As galinhas, por exemplo, caçam e comem escorpiões, sendo por isso recomendadas para o combate doméstico, o problema é que as galinhas são diurnas e os escorpiões somente são ativos à noite.
Sapos são comedores de escorpiões e como os dois tem hábitos noturnos a possibilidade de encontros é maior.
O uso de inseticidas deve ser recomendado apenas em alguns casos especiais, como por exemplo, em casas que ficaram abandonadas, em depósitos, em garagens.
Os especialistas sugerem que um inseticida para ser eficaz na erradicação de escorpiões deve deixar um resíduo que lhes seja tóxico por um mínimo de quatro meses, o que limita o uso da maioria deles.
Modernamente existem no mercado vários produtos eficientes, são os microencapsulados, ou seja, as moléculas do princípio ativo estão contidas e protegidas no interior de diminutas microcápsulas de plástico (polímeros) sendo liberado ao longo do tempo (média de quatro a cinco meses).
Recomendações finais:
1 - Sempre que houver acidentes (pessoas picadas), procurar atendimento médico e se possível capturar o escorpião para classificação.
2 - Para o combate (controle de escorpiões) procurar serviços especializados.
Artigo publicado em 27/02/2009