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Corrupção 16/082024

No ano de 1992, a Itália através dos seus órgãos competentes, deu início a uma campanha anticorrupção, a qual foi denominada “Operação Mãos Limpas”.
Foram flagrados esquemas de fraudes nas campanhas eleitorais, máfias dos mais variados tipos, corruptos, corruptores, ladrões, enfim, toda uma gama de desvios de conduta, os quais traziam infindáveis malefícios ao povo italiano, e benefícios somente pessoais e para poucos.
Na oportunidade três mil e quinhentas pessoas foram processadas e destas mais de mil condenadas e submetidas a prisão, sendo que, cento e vinte eram parlamentares e quatro ministros.
Os motivos que levaram a promotoria italiana a desencadear a operação foi exatamente a pressão popular, a qual não aguentava mais os altíssimos índices de corrupção. Situação muito parecida com o que vem ocorrendo no Brasil através dos anos, “caixa dois” e, posterior favorecimento às empresas doadoras de recursos para campanhas eleitorais.
A crise na Itália explodiu quando Mário Chiesa, influente político, foi flagrado recebendo cerca de um milhão de Euros de uma empresa de serviços de limpeza para garantir a prorrogação de um contrato com o governo.
Preso e expulso do seu partido político, Chiesa resolveu delatar todos os envolvidos no esquema. Os processos instaurados com a técnica e principalmente com determinação e honestidade, atingiram até mesmo o primeiro ministro da época Silvio Berluscone, chegando também a empresários, dirigentes de estatais e integrantes do Poder Judiciário.
Aqui no Brasil, mesmo que de forma muito branda, o alerta contra a corrupção teve início no ano de 1992, quando Fernando Collor de Mello foi envolvido em escândalos de corrupção e foi forçado a deixar o poder.
Nesta época as investigações realizadas não levaram ninguém para a prisão, e oito anos após Fernando Collor recuperou seus direitos políticos e voltou ao cenário para concorrer ao governo de Alagoas e hoje é senador.
Dando continuidade aos atos e fatos ligados a corrupção, chegamos ao governo Lula, o qual elegeu-se prometendo dar prioridade ao combate à corrupção. Surgindo daí a pergunta - se não fosse o flagrante do dia 14 de maio quando um funcionário dos correios foi filmado colocando a mão em propina, e um mês mais tarde vieram à tona denúncias do Sr. Roberto Jefferson, e as pressões feitas com as divulgações dos fatos pela mídia, quais seriam as ações tomadas contra a corrupção?
A sociedade tem razões fortíssimas para cobrar gestos de grandeza, de coragem, e com capacidade para botar na cadeia todos os corruptos e dar um basta nesta casta de privilegiados, que até então não tem acreditado em punições e julgam-se acima do bem e do mal.
Surgem atos desabonatórios tanto no Executivo, como no Legislativo e no Judiciário, a gama de delitos tem crescido, mensalão, mensalinho, dinheiro nas cuecas, valerioduto, cubaduto, roubo na Petrobras, e outros tantos, ações protelatórias, acusações, desmentidos, enfim uma vergonha que nos faz duvidar em eleições e na forma como tem sido realizada política neste nosso Brasil.
Desde o dia 14 de maio do ano de 2005, quando filmaram, o recebimento de propina e um mês mais tarde as denúncias do Sr. Roberto Jefferson, já se passaram muitos anos, dos 17 parlamentares suspeitos de receberem propina no mensalão, somente um foi cassado e outros para fugir do processo e não perderem os direitos políticos, pediram as contas, não são mais deputados, mas é bom que seja dito, a maioria dos que abandonaram seus mandatos, já estão devidamente aposentados e recebendo quantias jamais sonhadas pelos pobres mortais beneficiários do INSS.
Hoje sentimos uma melhora nas ações de combate a corrupção, pois políticos e grandes empresários estão complicados com a justiça e muitos presos, mas ainda muito deve ser realizado.
Somente a pressão da população, a valorização do voto e ações enérgicas do judiciário, tem as condições de efetivar a depuração do sistema político e devolver a confiança nas instituições. 
A sociedade não tem mais condições de conviver com a corrupção, com os maus gestores, sentindo-se diuturnamente ludibriada.
 
Artigo publicado em 20/05/2016

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