COLUNISTAS
Brasil dos privilégios - 13/09/2024
Li uma frase em um jornal, não sei precisar o autor, mas a verdade é que ela me chamou a atenção e fiz ligações com a situação da política no Brasil.
A frase é a seguinte: “Antes de prender os ladrões, deve-se ensiná-los a não roubar”.
Baseado nesta joia de afirmativa, eu penso que podemos adaptá-la e colocá-la da seguinte forma: “Antes de prender os políticos corruptos, deve-se ensiná-los que a política é um ato de amor e o foco deve ser a luta pela felicidade de todos”.
Com o devido perdão dos que militam na atividade política e são idealistas honestos, infelizmente um número significativo deturpou, transformou a política no altar do corporativismo e onde levar vantagem sem importar nos prejuízos causados aos outros passou a ser um lema.
Foi exatamente desta forma de agir, que hoje neste nosso Brasil fazer política é sinônimos de sacanagem, de usar as oportunidades para locupletar-se e isto faz com que a população olhe a política e os políticos com reserva, descrença e acredite que os partidos políticos estão descaracterizados e transformados em balcão de negócios e gestores do “toma lá, dá cá”.
A corrupção está institucionalizada e pela sua constante repetição chegou a ser considerada um ato praticamente normal, um pecado venial, e algo que tem como nascedouro mentes inteligentes, os chamados na gíria de “vivos”.
Na verdade podemos afirmar que esta deturpação na forma de fazer política é a grande responsável pelo festival de corrupção vivido neste nosso Brasil, pela volta da inflação galopante, pelos juros abusivos, pelo desemprego, pela falta de segurança, pela crise econômica e pela desesperança do povo brasileiro em dias melhores.
Além das distorções acima mostradas, existem outras e também pela repetição consideradas normais e defendidas com unhas e dentes pelos atingidos. Refiro-me aos privilégios que vicejam na área privada e especialmente na pública.
Na área privada caracterizam-se por acertos espúrios entre grandes empresas e o público abrindo caminhos para superfaturamentos, obras construídas com defeitos, isenções fiscais, enfim, atos de corrupção, onde os primeiros recebem fortunas fora dos padrões e com prejuízos evidentes para o erário e o segundo é recompensado com as já consagradas propinas, também chamadas de “auxílio de campanha eleitoral” e nunca de roubo.
A nossa Constituição foi elaborada de uma forma extensa, quando poderia ser escrita com simplicidade, curta e complementada por leis atuais, pois da forma que está favorece várias formas de interpretação e logicamente criando privilégios absurdos para determinadas classes em detrimento do todo.
Quem sabe, ainda baseado na frase inicial deste artigo, nós eleitores também mudássemos e o voto seria usado como arma para eleição de pessoas vocacionadas para o exercício do cargo político, honestos e direcionados para a luta, pela igualdade e liberdade de todos.
É hora de darmos um basta nas interpretações que criam privilégios baseadas nesta Constituição ultrapassada e em leis criadas com o único escopo de favorecer determinadas categorias.
Encerrando este artigo, vamos mostrar uma ou duas situações inexplicáveis, mas que existem aqui também neste nosso Rio Grande do Sul, deputados e várias categorias do Judiciário são muito bem remunerados e além disto usufruem de uma série de regalias e privilégios que outras categorias de funcionários não tem.
Vamos aos fatos, o governo do nosso Estado lutando contra uma crise financeira sem precedentes e mostrando sua falta de criatividade, aumenta impostos, deixa ou diminui o repasse de verbas para educação, saúde, segurança, mas mantém o repasse dos duodécimos para o Judiciário e Legislativo, os quais seguem percebendo os maiores salários e demais mordomias em dia. Criando uma dicotomia, uma injustiça ao atrasar e parcelar o salário do funcionalismo Executivo.
Cabalmente fica demostrado que a tal independência dos poderes nada mais é do que um subterfúgio para garantir privilégios e consagrar a injustiça.
No próximo artigo trataremos novamente deste assunto.