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O gaúcho e suas raízes - 20/09/2024

Aqui estamos em mais um setembro, comemorando a nossa sagrada tradição em todos os cantos do RS e até fora dele. Tradição que tem um matiz muito forte, capaz de envolver homens, mulheres e crianças num único objetivo: Rememorar nossas façanhas de homens livres. É uma longa história, já contada em prosa e verso.
É oportuno destacar que o termo gaúcho vem de muito tempo e lá no início esse termo, que hoje nos identifica perante os demais Estados da federação, servia para designar os homens nascidos no Rio Grande e que viviam nos campos, em contato com os animais e a natureza, especialmente nas regiões fronteiriças.
Foi a partir da segunda metade do século XVIII que o gaúcho brasileiro passou a caracterizar-se de modo diferente do gaúcho platino, assumindo, desde então, maior espírito gregário, o que o aproximou da estância, célula mater de sua vida sedentária. Por ocasião das comemorações do Sesquicentenário da Revolução Farroupilha, o Dr. Jarbas Lima escreveu elucidadora sinopse de toda a história do gaúcho, e lá se encontra aquerenciada linda página de autoria do magistral Moysés Vellinho, que trouxe para este momento:
“A História do Continente, depois Província de São Pedro, está necessariamente condicionada pela presença de uma fronteira viva, disputada a ferro e fogo tensamente elástica, ao longo da qual se defrontavam antagonismos e abismos de domínio, cujas raízes arrancavam de além-mar e aqui haveriam de nutrir e multiplicar-se ao influxo de poderosas contingências locais. O conflito, com raros interlúdios de trégua, nunca de paz e efetiva, se estendia por cem anos, se é que se deve acrescentar a essa trepidante centúria a cadeia de episódios sangrentos provocados pela implantação da Colônia do Sacramento, no fundo do Rio da Prata, primeiro marco para a conquista e povoamento do Rio Grande”.
Esses gaúchos de tempos idos resultaram da miscigenação de índios, espanhóis e portugueses. Mais tarde foram incorporadas outras culturas vindas do além-mar, como os negros, os italianos e os alemães. Em verdade somos fruto da mais rica mistura, somos uma nova e promissora realidade humana, com traços, cor, perfil e ideologia própria. Dessa fusão étnica emerge o gaúcho, que se insere dentro de um contexto maior de Pátria, com um sentimento de nacionalidade vivo presente dentro da História Brasileira. O tempo passa, mas a história fica.
 
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O MUNDO AVANÇA - E muda, assim como nós, mas nem por isso fica proibido avançar e mudar com a tradição na garupa. O poeta gaúcho Paulo Mendes disse, com propriedade, que nós nos transmutamos, é um fato, mas continuamos gaúchos. É preciso avançar, evoluir preservando os ideais gloriosos dos antepassados, mas não presos ao conservadorismo. Bem falado, porque a tradição tem de ser cultuada com críticas e discernimento. Precisamos seguir em frente sem medo, sem homofobia, com respeito ao outro, diferentes e unos em busca do sonho que todo o gaúcho carrega em sua alma: o sonho de ser feliz e liberto. Essa é a razão de estarmos aqui, comemorando as nossas origens e as nossas conquistas. 
 
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O ABRAÇO DA SEMANA - Que há muito tempo caracteriza nossos modestos artigos, hoje tem uma abrangência bem maior, afinal, é 20 de Setembro, Dia do Gaúcho, data que carregamos na alma. Então, um abraço para todos os gaúchos e gaúchas que habitam o Rio Grande e outros estados, todos com o pensamento voltado para esta terra de bravos e livres. É gente que lê a Folha.

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