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A última carreta 25/10/2024

Carreta ou carroça é um veículo que se move por tração animal, geralmente puxado por cavalos, mulas e bois. Ela não existe mais, escafedeu-se, sucumbiu no precipício do progresso. Muita gente sabe que as carretas foram o principal meio de deslocamento dos humanos e transporte de cargas, tanto nas cidades como no interior.
O amigo aí do outro lado pode estar a perguntar, por que o colunista escolheu esse tema tão antigo e ultrapassado? Pode ser que sim, mas fique sabendo que tenho um primo que reside em Curitiba, a bela metrópole paranaense, há mais de trinta anos, mas não perde a tianha de gaúcho e do amor por Lagoa Vermelha, sua terra natal.
Quando o primo Cid me telefona já sei que nada farei pelos próximos quarenta, cinquenta minutos. É de esquentar a orelha do vivente, pois o homem quer saber de tudo e matar a saudade da parentela e dos amigos. É um saudosista nato, que está até hoje a procurar o inventor da saudade, que, certamente, não conhecia a distância.
Domingo passado não foi diferente. Depois de muita conversa o vivente queria saber do “seu” Julinho, simpático e respeitado vendedor de lenha na cidade e tido como seu parente. Puxa! Nessa hora me dei por conta que há muito tempo não se vê mais carroças nesta cidade, não existe mais, acabou-se o que era doce.
Delas só sobraram as rodas, hoje enfeites de portões e jardins. Mas ficaram na história, sempre lembradas por estudiosos do nosso folclore e suas tradições mais autenticas como fonte de livros e poesias. Entre estas, destaque para um verso do poeta gaúcho José Machado Leal, que diz: “Era uma vez uma carreta que andou pelas distâncias riscando o mapa da História/Depois de tanto rodar, ficou pelos caminhos se escondendo do progresso e do próprio rastro/Que, aos poucos, vai se cobrindo de asfalto...”
De sorte que graças ao primo Cid, embaixador de Lagoa Vermelha em Curitiba, e seus amores pela terrinha, ganhei assunto para esta coluna. Quanto ao “seu” Julinho, Júlio Sutil das Dores, já nos deixou há mais de uma década. Desde então, sua velha e bem cuidada carreta nunca mais rodou pelas ruas da cidade. Junto com ele, se foi a última carreta.
 
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FINALMENTE - Hoje acaba a invasão de blá blá dos políticos nos lares, com suas críticas e promessas mirabolantes. A campanha política faz parte da democracia, mas poderia ser bem melhor se os candidatos se preocupassem mais com projetos de fundamento para suas comunidades. Em sua maioria se preocupam mais em vencer o adversário como se fosse a conquista de um troféu. Foi assim em todo pais, e por aqui não foi diferente. Não ouvi anúncios de mudança administrativa, obras impactantes e nenhum esforço no sentido de animar os lagoenses; unir o povo em torno de um projeto que qualifique e eleve o status do município. Não é possível mais tolerar que valores arrecadados sirvam somente para alimentar a paquidérmica administração pública.
 
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ALEGRIA ALEGRIA - A secretaria de Educação, que tem no comando a competente professora Aline, realizou a 12ª Olimpíada Municipal com sucesso, reunindo alunos da 6ª série até o ensino médio numa baita festa no velho ginásio Adolfo Stella. De lá partiu a semana inteira o alarido dos jovens durante as disputas, dando um colorido especial e esperança para o futuro. O escritor grego Nikos Karantzakis certa vez disse que “Enquanto houver flores e crianças, não temas, tudo irá bem”. Assim seja! Por aqui o abraço da semana vai para Rosane/Glaito Tadeu Oliveira e Furutu Ferragem, recém instalada na avenida Benjamin Constant. É gente que lê a Folha. 

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