COLUNISTAS
Vida do homem 01/11/2024
Escrever, principalmente para um jornal, é algo muito sério. Exatamente porque escreveu está escrito, não tem reforma e, na maioria das vezes, muitos não concordam com nossas ideias e aí cabem argumentos, discutir. Normalmente o nosso foco é o cotidiano, política, economia, saliente-se que sempre são temas polêmicos. Resolvi então falar da minha, da nossa vida, enfim dos homens.
Quando nascemos somam-se as visitas, e todos repetem: que criança mais linda, mesmo que seja uma grande mentira. Na verdade para o nascituro pouco importa, pois nesta fase nada entendemos.
Crescemos, nos tornamos um guri cheio devida e muitas emoções, seria agora que gostaríamos de receber elogios, de ser chamado de bonito, mas ao contrário é chegado o auge das admoestações, entre estas: você não é muito chegado ao banho, deixa de ser relaxado, estuda senão vais ficar burro.
Na adolescência, penso eu, ali pelos quinze anos, é que a coisa fica complicada, queremos ser homem, e ninguém nos considera assim. Não queremos ser piá e é somente o que somos. Todos os dias olhamos no espelho e a maldita barba não vem, queremos engrossar a voz e ela teima em falhar e continua fina. Até aí ainda não aconteceu o pior, sentimos alguns calores nunca antes sentidos, e temos uma vontade imensa de nos autoafirmarmos no mundo dos adultos. A grande ideia comum é arrumar uma namorada, nos apaixonamos com uma rapidez incrível, só que não declaramos à ninguém o nosso mais puro sentimento.
Pois bem, namoro, que “baita” problema nesta fase, procuramos alguém da nossa idade, pois é aí exatamente que cria-se o conflito, sendo o sexo feminino mais precoce, ao ensaiarmos nossa primeira investida normalmente recebemos um “chega pra lá” nos seguintes termos: “vai te criar, guri, ainda estás cheirando a fraldas”.
Crescemos lentamente, os 18 anos custam a chegar e os 21 mais ainda. Quando chegam e nos sentimos o melhor e o mais gostoso de todos os homens, somos chamados pelo pai, e aí vem a sentença: “cara, agora és responsável pelos teus atos, cria juízo e pensa logo em trabalhar”. Lógico que arrumamos aonde trabalhar, somos donos do nosso nariz, e resolvemos casar, ter um lar para mandar, ledo engano, as mulheres com muita inteligência deixam a gente pensar que mandamos, mas na verdade quem manda são elas. Quando imaginamos que tudo vai parar por aí, chegam os filhos e assim vamos aprender na sua plenitude o significado de ser mandado. Se algum dia resolvemos levantar a voz para botar as coisas no lugar com a patroa, logo somos advertidos: “te acomoda senão a Lei Maria da Penha te pega”. Com os filhos não é diferente, surge um atrito e os pirralhos não hesitam, enchem o peito e lascam: “Velho, te apiana, senão eu vou ao Conselho Tutelar e arrumo o teu pé”.
Passam os anos, a velhice chega, fazemos uma força danada para não demonstrar os estragos que o tempo se encarrega de fazer. Aí sim fica mais difícil ainda a convivência com a sociedade, pois quando desfilamos pelas ruas esperando ouvir: “Poxa! Este cara está inteiro”, escutamos: “o velho tá caindo os pedaços, bate toda a lataria”. Desta forma todas as pesquisas mostram que a vida para o homem é muito dura. Só nos resta bater no peito, acreditar em Deus e fazer valer o velho adágio popular - homem não chora, chia como coruja.