COLUNISTAS

Na condição de veterinário, e quem sabe por consumir com a minha família uma quantidade diária considerável de leite, e de preferência “in natura”, nunca havia dado a devida atenção ao baixo emprego do leite como alimento pela população em geral.

Foi então, em uma conversa informa entre amigos, quando alguém em alto e bom som, disse - não podemos permitir que nossas crianças continuem a serem levadas ao consumo exagerado e sem limites de refrigerantes, salgadinhos, todos cheios de aditivos, de conservantes, cativados que são por promoções, por farta propaganda para o estímulo do uso.

Já que não podemos proibir o consumo dos produtos acima citados, o que seria o ideal, o jeito é a implementação de campanhas educativas para o consumo do leite. Campanhas estas que deveriam ter a participação dos governos em todos os níveis, e a começar nos bancos escolares das séries iniciais, e o uso constante do leite na merenda escolar.

A conversa seguia solta, até o pessoal trocar de assunto, mas a ideia ficou rolando na minha mente, até que na condição de médico veterinário, resolvi assumir a parte que me toca e parti para a pesquisa de números e dados. Realmente o leite é o alimento natural mais completo da face da terra.

Vamos falar do leite de vaca, por ser o mais usado entre nós. O teor de água é de 87,5%, restando então 12,5% de extrato seco total, onde encontram-se quase todos os princípios nutritivos do produto.

As proteínas são, sem dúvidas, as substâncias mais importantes, o teor médio situa-se em torno 3,36%. Neste total, a caseína corresponde a 78,5% a lactoalbumina a 3,7% e a proteose e a peptona a 4%.

As proteínas do leite contém todos os aminoácidos essenciais, daí a sua grande importância na nutrição, especialmente na infância. Nesta fase da vida, as proteínas são as principais responsáveis pelo crescimento.

Um organismo jovem é incapaz de desenvolver e crescer sem que receba quantidades adequadas de proteínas. A fome que ameaça um número considerável de crianças no mundo inteiro é causada especialmente pela falta de proteínas de boa qualidade, ou seja, a de origem animal.

A gordura está presente em média de 3,5% e contribui com aproximadamente metade do valor calórico, sendo portanto a maior fonte de energia para o organismo jovem. Outra grande importância da gordura do leite é conter as chamadas vitaminas lipossolúveis A - D - E - K. Fornecendo também uma quantidade grande de ácidos graxos essenciais ao organismo.

A lactose, ou açúcar do leite, está presente em média de 4,5%. É excelente fonte de energia e facilita no intestino o crescimento de microorganismos que sintetizam ácidos orgânicos e algumas vitaminas do complexo B. Além disso, a acidez desenvolvida impede a putrefação proteica e o crescimento de muitos germes patogênicos. A lactose favorece ainda a absorção do cálcio, fósforo e magnésio pelo intestino de microorganismos capazes de sintetizar a miacina. Sua baixa solubilidade torna a lactose menos irritante para as mucosas do intestino e do estômago do que os açúcares altamente solúveis, por isto é recomendado como auxiliar no tratamento de úlceras do estômago e duodeno.

Os minerais estão presentes em média de 0,70% divididos em macro e microelementos. Dentre os primeiros, os mais importantes entre os sete encontrados do ponto de vista nutricional são: cálcio, fósforo e magnésio, os quais são também os principais constituintes dos ossos e dentes.

O cálcio do leite é ótimo pela relação 1,4 para 1 entre o cálcio e o fósforo, e também por serem altamente assimilável. Todos os minerais conhecidos como necessários à nutrição estão presentes no leite.

São encontrados ainda vinte e cinco microelementos, sendo que os mais importantes são cobalto, cobre, ferro, manganês, zinco, iodo, flúor, selênio e o molibdênio.

O leite é ainda excelente fonte de vitamina A, decisiva para o crescimento normal, para a visão e como protetora da pele e mucosas. Possui também a vitamina D denominada vitamina anti raquítica pela fixação do cálcio e do fósforo nos ossos. A vitamina E do leite tem importante papel na reprodução e fertilidade.

Pelos dados citados, podemos perceber o quanto é nobre o leite como alimento para os seres humanos, especialmente para aqueles em crescimento.

Sem sombra de dúvidas, se todas as crianças após o desmame materno continuassem a receber leite em quantidade suficiente, deixaria de existir a desnutrição infantil.