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Democracia sonhada 04/04/2025

A ministra do STF, Carmen Lúcia, no momento da sua posse como presidente do órgão, quebrou o protocolo e como não é comum, deixou a saudação inicial, que seria endereçada às maiores autoridades presentes, para referir-se inicialmente ao povo com as seguintes palavras: “saúdo o povo brasileiro, o qual realmente é a maior autoridade da nossa democracia”.
Em uma análise rápida, é fácil de entender o propósito da ministra ao referir-se ao povo como autoridade maior, pois isto é o que se espera de qualquer democracia evoluída e cumpridora das suas funções, ter como foco a liberdade, a igualdade e a justiça.
Infelizmente aqui neste nosso Brasil, a democracia é relativamente nova, tem muito para aperfeiçoar-se e desta forma não tem conseguido ser aquele sonho que a grande maioria persegue e tampouco atingir aquilo que a ministra Carmen Lúcia tentou mostrar em seu discurso da posse.
O advogado Fábio Gomes, doutor em Direto, foi muito feliz ao tratar da situação brasileira em seu artigo publicado no jornal Correio do Povo, dia 16 de novembro do corrente ano, sob o título Os pedágios, as multas e o desamparo, onde diz: “é fácil a constatação de que no Brasil foi montado um aparato estatal gigantesco, com castas muito bem pagas, que o dominam.
Além de receberem salários de primeiro mundo, estas castas constroem palácios de vidro e mármore para o desempenho das suas atividades, enquanto a saúde pública está falida e os contribuintes e trabalhadores seguidamente morrem nos corredores dos hospitais sucateados. No que diz respeito à segurança pública, estamos à beira do caos e as manchetes dispensam maiores considerações.
O que mais causa espanto e revolta é a insensatez do método autofágico de atuação desse modelo de Estado, pois embora ele não sobreviva sem os recursos de quem produz e trabalha, aparelha-se e torna-se cada vez mais “eficiente” nas perseguições para recolher tributos e mais tributos, multas e mais multas, ao invés de proDemocracia sonhada teger-nos para que sigamos produzindo e contribuindo”.
Realmente neste Brasil dos dias atuais, podemos afirmar sem medo de errar que estamos sobrevivendo sob a égide do “quem pode mais chora menos”, e a pessoa é avaliada pelo ter e não pelo ser.
As mudanças sugeridas e sempre necessárias acontecem normalmente de uma forma injusta e atingindo os mais fracos, os mais desprotegidos.
Os “aleijões” do sistema brasileiro, ou seja, os privilégios para os já privilegiados é um costume de difícil solução, pois é algo que traz no seu bojo a cultura dos tempos dos reis e rainhas, ou seja, para os meus tudo, para os teus virem-se como conseguirem.
Tudo isto vem acontecendo, seja nos setores privados ou públicos. No primeiro quem tem poder econômico e pode pagar, tem planos de saúde e um atendimento diferenciado, quem não tem sofre nas filas do SUS e muitos morrem antes do atendimento. Quanto a segurança o poder econômico também garante carros blindados, casas com aparatos eletrônicos que as tornam intransponíveis e ainda seguranças particulares, quem não pode e sente-se desprotegido pelo Estado, somente resta pedir a proteção de Deus.
No segundo, que é o setor público e que deveria ser o exemplo prima pela burocracia absurda, pela má gestão, pelos privilégios e principalmente pelo corporativismo exacerbado, dando ou criando amplas condições para o aumento terrível do chamado “Custo Brasil” e um dos maiores responsáveis pela situação caótica da economia do país, dos estado e muitos municípios.
Torna-se assim urgente, que sejam tomadas medidas drásticas ou não, mas que tenham o poder de mudanças de rumo, que tenham a força para o combate à corrupção, a capacidade de extirpar os incompetentes da gestão da coisa pública e fazer com que os privilégios para os já privilegiados torne-se algo do passado para que tenhamos uma verdadeira democracia capaz de instalar nesta nossa pátria, a igualdade, a segurança e a paz.
 
Artigo publicado em  18.11.2016

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