COLUNISTAS
Dúvidas e mais dúvidas 02/05/2025
Nós, brasileiros, estamos aceitando pacificamente conviver com a dúvida.
Surge uma pergunta: de que forma a dúvida torna-se uma constante em nossas vidas? Bem, em primeiro lugar, a própria pergunta já faz uma afirmativa categórica: a dúvida existe. Dizer como ela se manifesta é tarefa fácil, pois nós, brasileiros, conseguimos deturpar o esteio de qualquer democracia: a ética. Esta, que deveria significar uma luta constante pelo bem geral da população, foi substituída por práticas políticas que privilegiam pequenos grupos ou indivíduos, enquanto o restante da população - o grande pagador de impostos - é tratado com indiferença.
O discurso de nossos políticos, salvo raras exceções, muda conforme a posição ocupada: na situação, dizem uma coisa; na oposição, dizem outra, esquecendo completamente o que antes defendiam. Surge daí a dúvida: o que é certo, e o que é errado? A única certeza parece ser que, em sua maioria, os políticos agem visando benefícios pessoais ou de pequenos grupos. É a chamada política "camaleão" - que muda de cor conforme a conveniência.
Os partidos políticos, por sua vez, perdem gradativamente sua importância e identidade, transformando-se em meros balcões de negócios. Uma piada que circula livremente ilustra bem essa realidade: existe um casamento entre eleitores e partidos políticos, no qual apenas os eleitores devem obedecer à fidelidade. Assim surgem coligações esdrúxulas, e já não sabemos mais o que é esquerda ou direita. Programas partidários e ideologias tornaram-se coisa do passado, substituídos por nomes de líderes que se sobrepõem às próprias instituições.
As promessas de campanha têm prazo de validade: costumam expirar no momento em que o candidato assume o cargo, sendo depois solenemente esquecidas.
Como pano de fundo dessa incerteza que assola o país, estão as "maracutaias" - as várias nuances da corrupção. Não sabemos mais o que é verdade ou mentira, pois, até o presente momento, poucos foram punidos e ninguém devolveu o que foi objeto de acusações.
As dúvidas não são exclusividade do povo. Nosso líder maior, o ex-presidente Lula, afirma com todas as letras que o "mensalão" nunca existiu, atribuindo-o a uma invenção dos adversários. Mas, afinal, quem seriam esses adversários?
Outros exemplos alimentam ainda mais a confusão: Sarney, antes defensor da ditadura, hoje aliado de antigos opositores; Maluf, outrora tratado como símbolo da corrupção e procurado pela Interpol, agora figura como aliado fiel de Lula em São Paulo, com direito a fotos e jantares íntimos.
Para completar o cenário de perplexidade, um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) relatou ter sido "cantado" para adiar o julgamento do mensalão durante uma reunião privada - da qual participaram também o ex-ministro da Justiça Nelson Jobim e o próprio Lula. A alegação era de que o adiamento poderia levar à prescrição dos crimes, livrando os acusados da justiça. Os outros envolvidos, no entanto, negaram a versão.
Diante de tudo isso, nós, brasileiros, ficamos aturdidos - sem saber em quem acreditar.
Ficam duas sugestões. A primeira: o SUS deveria disponibilizar psiquiatras para ajudar os brasileiros a tratarem suas angústias e dúvidas. A segunda: é preciso rezar e pedir a Deus orientação para votar corretamente nas próximas eleições, a fim de evitar eleger corruptos, demagogos, oportunistas, camaleões e outras figuras que pululam por aí.