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Valores 23/05/2025

Nós, que já assistimos e convivemos com várias fases da história da nossa nação - digo “nós”, todos aqueles que, pelo tempo vivido, branquearam ou perderam os cabelos - já passamos por muitos momentos de crise: políticas, econômicas, quebras de safra, secas, enchentes e outros tantos.
Vivemos também períodos de euforia, de alegria, acalentamos sonhos: sonhos de estabilidade econômica, de igualdade social, de uma distribuição justa de renda e, principalmente, da valorização da pessoa.
No entanto, o que estamos vivendo hoje é uma quebra de antigos valores, antes reverenciados e respeitados, ensinados por nossos pais e professores:
“Não provoco, mas não levo desaforo para casa. Em mulher não se bate, nem com uma flor. Respeita os mais velhos e protege os mais novos. Os professores são os segundos pais. A polícia é a responsável pela manutenção da ordem e o cumprimento das leis. Cuida da natureza, pois é nela que vivemos. A honestidade deve ser o teu guia. Palavra dada, palavra honrada. Fio de bigode vale como um documento.”
Tantos e tantos outros conceitos, valores que moldavam e forjavam a personalidade, estão caindo em desuso e sendo tratados como coisa do passado.
As mulheres - não todas, mas um número significativo - lutam para perder a ternura, a candura e o ar de submissão, que na verdade nunca existiu, mas que era sua grande força: a força de conseguir tudo e dominar até os corações mais empedernidos.
Os homens - não todos, mas muitos - parecem querer suprimir os efeitos dos hormônios androgênicos. Pintam a boca, travestem-se, e fazem campanhas pelo reconhecimento de um “terceiro sexo”, tudo abertamente, sem sentimento de culpa.
Os professores enfrentam grandes dificuldades. Mal remunerados, quase sempre com escassos recursos e pressionados por leis esdrúxulas e por mudanças bruscas de costumes, perdem a autoridade e a força para exigir o respeito de seus discípulos.
Não todos, mas alguns já não sentem mais orgulho de serem chamados de professores - preferem a alcunha de “trabalhadores em educação”.
A honestidade também foi relativizada. Para alguns, pequenos furtos ainda causam vergonha; já os grandes desvios, as falcatruas e os crimes de colarinho branco - principalmente quando envolvem verbas públicas - parecem ser tolerados, tratados como se não fossem “pecado mortal”, e até perdoáveis.
Para outros, as grandes roubalheiras devem ser analisadas sob a ótica da “Lei de Gérson”: levar vantagem em tudo. O autor do golpe passa a ser visto como um sujeito esperto, de QI elevado, alguém que enxerga longe e se tornou um vencedor no mundo dos negócios.
O policial, que antes transmitia segurança e era visto com respeito - verdadeiro herói de nossas infâncias - hoje, em muitos lugares, especialmente nos grandes centros, evita ser identificado como tal, pois pode ser agredido ou até morto por bandidos.
Gente, a coisa está assustando. Se não colocarmos um freio, o povo pode perder o rumo. Movimentos como o dos “sem-terra” passam a agir com suas próprias leis, esquecendo as constitucionais; casos de pedofilia, incesto, menores matando e roubando tornam-se cada vez mais comuns.
Finalizando - pois o assunto é extenso -, antigamente uma decisão judicial era cumprida, não discutida. Hoje, quem tem dinheiro dispõe de recursos protelatórios que levam à impunidade.
 
Artigo publicado em 27/08/2010

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