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Justiça 06/06/2025

Todos que, como eu, estão com a cabeça coberta de cabelos brancos, já conviveram com múltiplas situações e, logicamente, momentos bons e outros nem tanto. Participamos de várias formas de governo, desde ditaduras até a almejada democracia. Os tempos que não vivemos, tomamos conhecimento através do estudo da história da nossa pátria.  
Este Brasil, segundo consta nos livros, foi descoberto pelos portugueses, mas espanhóis, franceses e quem sabe outros tantos também andaram por aqui. Na verdade, parece que nenhum deles aportou nestas plagas fascinado pelo nosso clima ou belezas naturais, mas todos vieram para explorar, para enriquecer, para carregar prata, ouro, enfim, toda a fartura de tesouros que esta terra abençoada por Deus sempre teve.  
Já se passaram mais de quinhentos anos desde a chegada dos lusos. Conseguimos, com a miscigenação de muitas raças, formar um povo bom, dócil, mas não aprendemos a bater no peito e exigir uma pátria onde todos são iguais perante as leis e vivem sob a égide da ética e da moral. Continuamos sendo uma maioria significativa explorada por uma minoria que se apossou de inúmeros privilégios, semelhante aos tempos em que por aqui vicejavam reis e rainhas, donos de todas as benesses - o que é próprio de governos totalitários -, sobrando para o resto, o denominado povo, trabalhar, criar riquezas e pagar impostos.  
Podemos afirmar, sem medo de errar ou cometer injustiças, que não é de hoje, mas que neste Brasil continua instalada uma poderosa máfia infiltrada na política e nos meios de produção. A grande diferença nos modos de atuação situa-se exatamente no fato de que, antigamente, os métodos para extorquir, roubar e desviar eram empíricos, enquanto hoje apresentam-se altamente especializados, com profissionais extremamente capazes.  
O princípio básico de qualquer democracia - sem palavras sofisticadas ou outros artifícios de linguagem - é exatamente ter por foco ações que beneficiem a população como um todo e evitem a formação de blocos com inúmeros privilégios, que beiram ao absurdo e consagram a desigualdade e a injustiça.  
No jornal Correio do Povo do dia 2 de julho do corrente ano, na página dois, o Sr. Renato Panattieri, na coluna do leitor, escreveu o artigo intitulado Justiça. Visto a profundidade do que está escrito e a certeza de que será apreciado pelos nossos leitores, copio- o na íntegra:  
“Não basta que sejamos todos iguais perante a lei. É necessário que a lei seja igual perante todos. No Brasil, ela não é nenhuma coisa nem outra. Temos uma população carcerária de 700 mil detentos, em que a metade sequer foi julgada. Outros tantos já deveriam estar em liberdade, mas, como não têm dinheiro para bancar bons advogados, mofam nas masmorras. Há mais de 140 mil mandados de prisão que não são cumpridos por falta de vagas. O Supremo Tribunal Federal, por sua vez, é o Olimpo de uma justiça para poucos. Só quem tem muito dinheiro para bancar bons advogados consegue pleitear os favores da lei. Ultimamente, Suas Excelências estão disputando os holofotes na Operação Lava Jato, em um bate-boca interminável, enquanto tudo acontece e o Brasil segue à deriva”.  
Deus queira que mudanças urgentes aconteçam e que o nosso Brasil troque de rumo; que as máfias sejam punidas e extintas; que os políticos tornem-se arautos da honestidade e decência e tenham como missão resguardar os direitos da população.  
Os brasileiros clamam por Justiça.  
 
Artigo publicado em 06/07/2018

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