COLUNISTAS
Responsabilidade 13/06/2025
Durante as campanhas eleitorais, ouvimos com frequência: “a compra de votos é grande”. Sabemos que essa prática é corriqueira no Brasil, embora seja de difícil controle, pois as artimanhas para sua efetivação são inúmeras.
Concordamos que essa conduta desvirtua a importância do voto em uma democracia, pois escancara a vontade de um indivíduo ou de um grupo, e não a vontade soberana do povo.
Surge, então, uma pergunta: quem comete o crime maior, o comprador ou aquele que se deixa iludir e vende seu voto? A meu ver, os dois crimes se equivalem e deveriam receber punições severas, por meio de julgamentos ágeis e exemplares, capazes de desestimular o uso dessa prática.
Convenhamos, também, que o grande impulsionador da compra de votos é a forma irresponsável com que muitos têm feito política, além de tantos outros que aceitam essa aberração como se fosse algo normal.
A descrença na política - e, por consequência, nos políticos - faz com que grande parte da população acredite que votar em A ou B em nada altera, e que a situação tende sempre a piorar. Os anos passam e a corrupção continua sendo uma realidade constante. Há inúmeros exemplos, sendo o mais emblemático o escândalo do “Mensalão”, quando parlamentares passaram a apoiar projetos do governo em troca de propina.
Milhões de reais foram desviados dos cofres públicos, recursos que certamente fizeram falta na saúde, na educação e na segurança. Todo esse processo ocorreu no núcleo do poder, durante o mandato do Sr. Luiz Inácio Lula da Silva.
Alguns envolvidos foram processados e condenados, outros escaparam sem sequer serem denunciados, e logicamente não pagaram por seus crimes.
O então presidente Lula declarou que “nada viu” e “nada sabia” sobre o esquema, afirmando que o mensalão nunca existiu - algo inadmissível, já que tudo se desenrolava sob seus olhos, no gabinete ao lado do seu, onde despachava o ministro José Dirceu, hoje condenado pelo STF.
Se o Sr. Lula realmente nada viu e não participou do esquema, deveria ter sido processado por incompetência e por omissão no exercício do mandato.
A síntese repugnante de muitos dos males da política se materializa em afirmações como a do deputado Sérgio Moraes, que disse estar "se lixando para a opinião pública". Sua fala ilustra o comportamento de muitos de seus colegas, que, além de não votarem pelo fim do 14º e 15º salários parlamentares - embora houvesse condições para concluir o processo na Comissão de Finanças -, ainda oficializaram a “gazeta” nas sessões das segundas e sextas-feiras.
No Senado, a situação não é diferente. No imbróglio envolvendo o pagamento de Imposto de Renda sobre valores recebidos, alguns senadores se recusam categoricamente a arcar com os tributos devidos. No final, como sempre, os custos devem sair dos cofres públicos - abastecidos pelos impostos pagos por nós, cidadãos.
Não é raro ouvir o povo, descrente, repetir o velho ditado: “cachorro não come carne de cachorro”, ao comentar a lentidão e a resistência do Congresso em aprovar medidas que reduzam os benefícios exagerados do Legislativo.
Nada mudará, acreditamos, se não for implementada uma ampla reforma política, com força e capacidade de coibir os abusos, restabelecendo a ética, a responsabilidade e a verdadeira vontade de servir ao bem comum e à felicidade do povo.
Artigo publicado em 26/10/2012