COLUNISTAS
Aço: ameaças da matéria-prima e subprodutos no mercado 13/06/2025
Desde o início do ano, acompanhamos os desdobramentos da assunção do novo presidente dos Estados Unidos, que promoveu o aumento das taxas sobre produtos importados e exportados pela maior economia do mundo. Tal medida desencadeou um cenário generalizado de instabilidade, com idas e vindas de percentuais e atritos em acordos internacionais firmados entre diversos países.
Entre as commodities afetadas está o aço, matéria-prima essencial utilizada em inúmeros segmentos da economia - da indústria manufatureira ao setor de serviços.
O aumento das tarifas sobre o aço tem provocado impactos globais, gerando um efeito cascata entre investidores e setores produtivos. Essa tensão comercial cria incertezas, impulsiona o aumento de preços, reduz a demanda e estimula a busca por materiais substitutos.
Já há previsões de queda na compra do produto, o que certamente acarretará ajustes em áreas estratégicas, como a construção civil e a indústria em geral - com destaque para o setor automotivo. Este último, pela alta dependência do aço no processo produtivo, deverá ser um dos mais afetados. Com margens de lucro já estreitas, as montadoras poderão repassar os aumentos ao preço final, encarecendo os veículos para o consumidor.
RANKING MUNDIAL DE PRODUÇÃO DE AÇO
Conforme dados do Jornal Estadão - Maio/2025
Observação: 82% da produção entre os 10 maiores produtores está concentrada na Ásia, o que gera um quase monopólio na definição de preços. Isso não significa imposição unilateral, já que há leis e acordos internacionais vigentes. No entanto, a autonomia de cada país em determinar seus preços é relativa.
Como em outros períodos de tensão geopolítica, o mercado balança. A intensificação das negociações comerciais entre EUA e China tem agravado o cenário. As tarifas já estão sendo praticadas há meses, o que levou diversos governos a adotarem medidas de proteção à produção local e ao uso de insumos nacionais.
POR QUE O AÇO AUMENTA?
•Concorrência de mercado: A proteção ao mercado interno visa evitar a importação a preços inferiores que prejudicariam a indústria local.
•Incentivo à produção interna: Visa preservar empregos e fortalecer a economia nacional.
•Relações internacionais: Busca equilibrar a tensão comercial global e assegurar preços justos.
O aumento no preço do aço não afeta apenas a matéria-prima, mas impacta toda a cadeia de suprimentos. O resultado é o encarecimento dos produtos finais, com repercussões globais, dada a presença do aço na composição de itens de diversos setores.
SETORES MAIS IMPACTADOS:
•Construção Civil: O aumento eleva o custo de materiais, comprometendo cronogramas e orçamentos.
•Indústria Automotiva: Os custos sobem e o consumidor final absorve esse aumento no valor dos veículos.
•Indústria de Máquinas: O encarecimento dos equipamentos reduz a margem de lucro das empresas.
O Brasil concentra 95% da produção de aço em apenas cinco grandes grupos: Usiminas/Cosipa, Gerdau/Açominas, Usinor-Acesita/CST, Belgo-Mineira/Mendes Júnior e CSN.
No que se refere ao consumo interno, o país oscila entre altos e baixos. Por isso, é considerado um potencial exportador. Historicamente, o consumo per capita nacional gira entre 100 e 120 kg por habitante - número relativamente modesto quando comparado ao Produto Interno Bruto brasileiro.
Em um cenário global volátil, o aço se transforma em símbolo das tensões comerciais e geopolíticas do nosso tempo. Cabe aos países e às indústrias se adaptarem com inteligência, estratégia e inovação para enfrentar os impactos dessa nova configuração de mercado