COLUNISTAS

Que situação insólita a que estamos vivendo: o governo Lula ingressou no Supremo Tribunal Federal (STF) com uma ação para derrubar a votação dos congressistas que sepultou o aumento do IOF, o imposto sobre operações financeiras. O governo esquerdista quer de todo jeito taxar ainda mais os brasileiros, nem que para isso tenha que buscar passar por cima de uma decisão soberana da Câmara dos Deputados. 

Sem base sólida no Congresso, cabe a Lula recorrer a seus camaradas do STF. Lula quer aumentar impostos na base do “tapetão”. A ação do governo, por incrível que pareça, caiu nas mãos do ministro Alexandre de Moraes, que com uma canetada pode fazer prevalecer a vontade do governo de aumentar esse imposto. 

Enquanto escrevo a coluna ainda não há decisão do ministro, mas todos imaginamos o que poderá vir. Lula tem proximidade máxima com o STF, porém uma decisão favorável do ministro Alexandre de Moraes poderá aumentar a fervura política em Brasília, com o próprio magistrado tornando-se um alvo dos partidos do Centrão. Se Alexandre de Moraes restabelecer o aumento do IOF no “tapetão”, as consequências poderão ser desastrosas em múltiplos sentidos.

Todo esse episódio mostra que a governabilidade do terceiro mandato de Lula está muito ancorada em sua parceria com o STF, e não em uma base coesa de sustentação na Câmara dos Deputados, ou até mesmo em um amplo apoio popular. Na esquerda, até mesmo o PDT já abandonou o PT - e outros partidos do Centrão já se colocam em posição francamente oposicionista aos projetos de interesse do governo. Lula está isolado, apenas abraçado pelos clássicos satélites do PT, tais como PSB, PCdoB e PSOL. O fim deste governo será melancólico.