COLUNISTAS
Quando os cotovelos falam 11/07/2025
Texto de Percival Puggina
Quando os cotovelos falam, acabam fazendo inacreditáveis revelações. Estamos vivendo um surto desses, produzido por quem é pago pelo povo para ter muito juízo e discernimento.
Não estou me referindo a Lula quando afirma ter aprendido de sua mãe que não se deve gastar mais do que se tem..., mas garante à turma do BRICS que austeridade nunca deu certo. Juízo e discernimento não são atributos de quem abre rombo sobre rombo no orçamento público perante a nação que se debilita econômica, cultural, moral, espiritual e fisicamente. De seus sermões peripatéticos, sentindo-se como Aristóteles de Garanhuns, não se esperem virtudes. O grego caminhava e falava buscando a verdade; o pernambucano vai de um lado para outro nos palcos encomendados buscando as melhores mistificações.
Nos postos eletivos, soberana é a vontade do eleitor que escolhe dentro de uma escala, debilitada como a nação, que vai do bandido ao virtuoso, do negocista ao estadista. Então, tampouco destes falo. Forçado pelo momento histórico, ocupo-me dos que para compor a trinca dos poderes de Estado, por exigência constitucional, devem ter reputação ilibada e notável saber jurídico.
Ocupo-me, pois, dos doutos e ilibados que, rompendo toda tradição, montam estratégias, desenham cenários, atraem holofotes, protagonizam o jogo político, criam narrativas, antecipam decisões, formulam ameaças, são o absoluto de tudo que relativizam aos demais e... falam pelos cotovelos.
Como seria de esperar, fazem afirmações terríveis, chocantes, a quem tem juízo e discernimento. Elas refletem o efeito devastador da ideologia em torno da qual se congregam, caracterizada pelo uso abusivo do poder e pela necessidade imediata de silenciar a divergência. Tudo parece ter iniciado com ideias faceiras de fazer do Supremo o “poder moderador da República” ou visto como “editor de um país inteiro, de uma nação inteira, de um povo inteiro”.
Num dia triste, o cidadão que pergunta atenciosamente sobre assunto de relevante interesse público tem como resposta o infame “Perdeu Mané. Não amola!”. Noutro, um auditório lotado ouve a proclamação: “Nós derrotamos o Bolsonarismo”. Antes disso, antes mesmo do 8 de janeiro, escuta-se o exultante anúncio de que “há muita gente para prender e multa para aplicar”. Como resenha de todos os enganos e da recusa ao que a Constituição consagra em modo pétreo, alguém proclama a necessidade de “impedir que 213 milhões de pequenos tiranos soberanos dominem os espaços digitais do Brasil”. A frase só não pode ser caracterizada como uma aberração porque não está isolada nem contrasta com o que muitas outras evidências revelam.
Por omissão de seu controlador - o Senado da República - a maioria do STF tem meios para fazer o que bem entende.