COLUNISTAS
Até onde? - 18/07/2025
A política externa
no bar da esquina
O tarifaço imposto pelos Estados Unidos deveria fazer com que todos refletissem de forma madura sobre o que há por trás da diplomacia. No entanto, o que mais se vê nas plataformas sociais são militantes disfarçados de analistas correndo para defender o governo, como se os EUA fossem o grande vilão da história.
Desde sempre, o Executivo brasileiro demonstra uma clara aversão aos Estados Unidos. Não o faz às claras. Prefere, nos bastidores do teatro dos BRICS, fingir ser protagonista de uma geopolítica que claramente não domina, expor o ressentimento e empurrar o país para alianças perigosas com regimes sabidamente autoritários. Alianças com líderes que, embora antagônicos entre si, são todos mais preparados, intelectual e estrategicamente, do que ele (sim, ele).
A política externa lulista é errática, infantilizada, baseada em devaneios ideológicos e metáforas de bar. No universo dele, quase tudo pode ser resolvido “com uma cervejinha”, como se o mundo fosse um botequim diplomático onde ele é o dono da mesa e os líderes mundiais, seus fregueses.
Ledo engano. Xi Jinping, Putin e, sim, até Donald Trump entendem de poder real, de interesses nacionais e de forças que moldam o século XXI - diferentemente do que imagina o dono do bar.
BRICS esvaziado,
Brasil
irrelevante
Isso resulta em uma reunião dos BRICS esvaziada internamente, um Brasil sem liderança regional e com um protagonismo artificial, sustentado por uma imprensa domesticada e por um STF que virou balcão de recursos para governos que não sabem negociar com o Congresso.
Perde no jogo democrático? Recorre ao tapete vermelho.
Quebra a cara? Vai ao Supremo mostrar os machucados, recebe um afago e segue o desgoverno.
Enquanto isso, a máquina estatal sustenta (não se sabe até quando) a farsa, com liberação de emendas parlamentares, perseguição seletiva de opositores e, agora como nunca, com tentativas cada vez mais agressivas de censura.
E, claro, quando tudo falha, culpam “os patriotas” ou qualquer um que ainda ouse sonhar com um Brasil funcional, soberano e sem grilhões ideológicos - que nunca funcionaram em lugar algum, só trouxeram guerras, mortes, exílio, fome e miséria.
A imprensa, com sua “Síndrome do Bolso Cheio”, finge que nada vê. Esquece que quem colocou o país nessa encruzilhada foi exatamente quem prometeu uni-lo - e só conseguiu dividi-lo.
A resposta americana e
a hipocrisia nacional
O tarifaço americano não é uma afronta aloprada ou impulsiva, tampouco fruto de egocentrismo. É uma resposta clara: não se cospe no prato onde se quer sentar para jantar.
E ainda há quem diga que os EUA é que saem perdendo. O Brasil representa pouco mais de 1% do que os americanos importam, enquanto os EUA correspondem a cerca de 15% das importações brasileiras.
Talvez fosse o momento de perguntar aos brasileiros que dizem “odeio os EUA”, mas não hesitam um segundo na hora de escolher onde estudar, trabalhar, passear ou encher as sacolas.
O que mais resplandece é o ódio a um Brasil dinâmico, que realmente funcione. Porque isso traria competição - e não apenas reclamações.
Segundo pronunciamento, o Brasil se manifestará em dois âmbitos: o político (com manifestações em redes sociais em defesa da "soberania nacional" - traduzindo: tentativa de fragilizar oposição ou governos anteriores) e o técnico, com medidas econômicas recíprocas (novas taxações) caso os 50% sejam mantidos.
Como já conhecido, reuniões com o empresariado serão realizadas, visando definir uma estratégia de negociação com o governo Trump. Um comitê misto entre governo e setor privado deverá ser criado.
Mas logo surge uma nova notícia, um novo “case”, e esse furacão que hoje assola a economia brasileira entra para a estante dos assuntos não resolvidos - que se acumulam costumeiramente e, como de praxe, permanecem esquecidos. Tudo isso a pouco mais de 12 meses do próximo pleito eleitoral.