COLUNISTAS
Para pensar - 18/07/2025
Reza a nossa Constituição que todos são iguais perante a lei. No entanto, tudo nos leva a crer que essa igualdade, desde o descobrimento - antes ou depois da promulgação da lei - nunca existiu. Pelo contrário: agrava-se a cada dia e consolida a desigualdade.
Vivemos hoje uma crise sem precedentes, num país onde duas classes predominam: os exploradores e os explorados. Definir a qual delas cada um pertence fica a critério dos prezados leitores. Eu, por ora, limito-me a pesquisar notícias, colher opiniões e colocá-las no papel.
Começo destacando trechos do artigo da administradora Carla Poeta Possap, publicado no jornal Zero Hora em 28 de julho do corrente ano:
“Quem acompanha os parlamentares das duas casas legislativas em Brasília percebe que ali o tom é dado pelo oportunismo narcisista de todos os lados. Os ‘muy amigos del rey’ e os que querem ser. Todos da mesma praia, entre as areias do monte de dinheiro, nas ondas da notoriedade, no surfe do exibicionismo.
Nosso dia a dia ensina mais do que todo o blá-blá-blá dos discursos eruditos, imperativos, que para nós são estéreis. Com seus looks rijos, engravatados, nos seus carros pretos, assistem às mortes nos corredores dos hospitais, à violência nas ruas e à fome - com a indiferença de quem já viu este filme antes.
À noite, rapeia e arrepia no cheiro que cola do expresso do povo. E eles assistem das janelas à degradação do alheio e, para enfrentar o futuro cegante, compram Ray-Bans. Enquanto isso, o governo vai diluindo-se em escândalos, e os pesadelos nacionais multiplicam-se.”
E a Justiça? Aquela com “J” maiúsculo, abstrata? Morreu de velha, quando se decretou o direito à diferença. Hoje, a coisa funciona mais ou menos assim: passe o cartão, escolha a opção de pecados, pague sua dívida com milhares de maços de notas, aperte o botão e mude de missa. E ainda há quem acredite que será salvo por essa “academia ambulante de lucidez”.
Em segundo lugar, trago dados sobre o custo do nosso Congresso, conforme matéria publicada no Correio do Povo, em 31 de julho de 2017, com base em pesquisa da ONG Contas Abertas.
O Poder Legislativo - formado pela Câmara dos Deputados e pelo Senado - custa R$ 1,16 milhão por hora aos brasileiros, nos 365 dias do ano. O custo considera fins de semana, recessos parlamentares e as segundas e sextas-feiras, quando os parlamentares deixam a capital federal e retornam às suas bases eleitorais.
Cada deputado federal recebe um salário bruto de R$ 33,7 mil. Os 513 deputados custam, em média, R$ 86 milhões ao mês - totalizando cerca de R$ 1 bilhão ao ano. Cada senador também recebe os mesmos R$ 33,7 mil mensais, além de inúmeros “penduricalhos”. Lembremos que cada deputado pode manter até 25 assessores e cada senador, até 60, além de escritórios de representação.
Às vésperas de seu julgamento na Comissão de Constituição e Justiça, o Presidente da República liberou emendas parlamentares em ritmo acelerado, numa clara ofensiva contra deputados considerados desleais. Nos cinco primeiros meses do ano, foram liberados R$ 529 milhões em emendas - cifra que saltou para R$ 4,5 bilhões apenas no mês de julho.
A consequência? O aumento de impostos e dos preços dos combustíveis para tentar fechar as contas do governo. Por outro lado, uma constatação: a tão propalada independência entre os poderes tornou-se uma falácia - hoje usada para justificar decisões espúrias, perpetuar privilégios absurdos e esconder maracutaias.
A insensibilidade política tem permitido a continuidade de maus gestores públicos e gerado a mentalidade de que o Estado tudo pode - como se seus recursos fossem infinitos. No entanto, os recursos estatais são finitos e vêm dos impostos pagos pelos cidadãos com seu trabalho.
Contudo, a burocracia estatal parece alheia a essa realidade. Preocupa-se menos com a eficiência e mais com a manutenção de direitos exclusivos, criando castas privilegiadas, cujas “lutas” são travadas para garantir sua desigualdade em relação à maioria da população.
Até aqui, focamos na balbúrdia nacional. Mas resta uma indagação: e o nosso Rio Grande do Sul, outrora pujante, como está?
Infelizmente, hoje o Rio Grande vive de chapéu na mão, mendigando, sem conseguir honrar seus compromissos, à deriva. E a nós, gaúchos, resta apenas a espera por um milagre.