COLUNISTAS
Sem eira nem beira - 25/07/2025
Infelizmente, nós, brasileiros, estamos “sem eira nem beira”, mais perdidos do que cego em tiroteio.
Somos obrigados a acompanhar as notícias para tentar entender a situação: lemos jornais, ouvimos rádio, assistimos aos noticiários na televisão, conversamos, trocamos ideias, mas, na verdade, a cada dia que passa entendemos menos. A esperança agoniza. A luz no fim do túnel se mostra tênue e dá sinais de que pode se apagar.
No horizonte, sentimos e ouvimos apenas o barulho de uma luta feroz pelo poder, e a instalação do corporativismo como força regente, onde predomina o lema “salve-se quem puder”. Cada um por si. Resta, ao menos, acreditar que Deus olhará por todos.
Que a corrupção tornou-se uma constante, todos nós sabemos. Sabemos também que ela estendeu seus tentáculos e atingiu, com raras e gratas exceções, praticamente todos os segmentos - públicos e privados.
A esmagadora maioria dos nossos políticos de proa responde a processos pelos mais variados casos de corrupção. Negam, mas não provam inocência. Diariamente surgem movimentos com o objetivo de criar ou reinterpretar leis com capacidade de anistiar delitos, varrer a sujeira para debaixo do tapete e, assim, institucionalizar a corrupção como um ato normal, fruto da “inteligência” e da “capacidade criativa”.
Quando surgiram os primeiros surtos de moralização, com ações efetivas contra a corrupção e prisões de alguns bandidos, chegamos a acreditar que a Justiça, enfim, estava forte, ativa, e que uma vitória do bem sobre o mal se anunciava.
Ledo engano. A água fria na fervura veio com as declarações do então Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, ao afirmar, com todas as letras e convicção, que os projetos de lei apresentados no Congresso Nacional lembram, em muito, as ações adotadas na Itália para enfraquecer a célebre “Operação Mãos Limpas”, que investigou a corrupção política naquele país na década de 1990. Para Janot, algumas dessas iniciativas do Congresso causam perplexidade.
Se fizermos um paralelo entre o que aconteceu na Itália e o que acontece aqui, veremos que boa parte do que se passou lá já se passou - ou está se passando - aqui no Brasil. Basta observar as iniciativas legislativas italianas e compará-las com as que tramitam atualmente por aqui.
A definição de como nos encontramos, como povo e como cidadãos, é de desespero. É como um afogado lutando para não morrer, procurando algo a que se agarrar para poder respirar.
Assim é: lutamos, mas não encontramos esse “algo” que represente a salvação dos brasileiros. Faltam ideias, faltam líderes verdadeiros - e sobram propostas que mais se parecem com “cantos de sereia”, cuja finalidade é apenas trocar o nome da esculhambação já instalada e assumir o poder.
Os partidos políticos tornaram- se arremedos das finalidades para as quais foram criados, transformando-se em balcões de negócios, onde nem todos cultivam a ética e a moral.
Aqueles que têm sido eleitos pelo voto e se dizem representantes do povo têm representado, na verdade, seus próprios interesses ou os de grupos financiadores de campanha. Muitos ainda aceitam participar de roubos e de outros desvios de conduta que rapinam o erário público.
Muito - muito mais - pode e deve ser escrito nesta luta para fazer do Brasil uma pátria justa, com oportunidades igualitárias e amparadas na legalidade.
Confesso que, como a maioria, estou com medo. Medo, principalmente, porque o STF - que sempre foi esteio da ética e da moral - ultimamente tem deixado a desejar.