COLUNISTAS
25/07/2025
ANA AMÉLIA LEMOS: TRAJETÓRIA
NAS URNAS E EXPRESSIVA VOTAÇÃO
EM SUA TERRA NATAL
Em 2026 vamos nos deparar com novas eleições. Por isso, vamos relembrar algumas curiosidades de pleitos passados, envolvendo lideranças locais. A ex- senadora Ana Amélia Lemos, natural de Lagoa Vermelha, teve ao longo de sua carreira política votações expressivas tanto em nível estadual quanto municipal. Eleita ao Senado Federal em 2010, ela conquistou 3.401.241 votos no Rio Grande do Sul, sendo 13.467 apenas em Lagoa Vermelha, o que representou 48,53% dos votos válidos no município, em um resultado bastante representativo de sua ligação com a cidade natal.
Quatro anos depois, em 2014, Ana Amélia disputou o Governo do Estado pelo Partido Progressista (PP), obtendo 1.342.115 votos no RS. Em Lagoa Vermelha, recebeu 10.505 votos, mantendo ainda uma forte base de apoio local, mesmo não avançando ao segundo turno.
Já em 2022, voltou a concorrer ao Senado, desta vez pelo PSD. No estado, somou 966.450 votos, ficando atrás de Hamilton Mourão. Em Lagoa Vermelha, obteve 5.297 votos, sendo a mais votada para o cargo no município, superando inclusive o candidato eleito.
DE 13 MIL PARA 5 MIL VOTOS: A PERDA
DE CAPILARIDADE DE ANA AMÉLIA
Embora as eleições de 2010 e 2022 tenham características distintas - com contextos políticos, alianças e partidos diferentes - o comparativo entre os resultados de Ana Amélia Lemos em Lagoa Vermelha revela uma tendência clara: a queda significativa de sua influência eleitoral no município ao longo de 12 anos.
Em 2010, como candidata ao Senado pelo PP, Ana Amélia obteve 13.467 votos em Lagoa Vermelha, conquistando 48,53% dos votos válidos locais, e figurando como uma das personalidades políticas mais prestigiadas da cidade. Já em 2022, na mesma disputa por uma cadeira no Senado, mas agora pelo PSD, Ana Amélia somou apenas 5.297 votos no município - uma diferença de mais de 8 mil votos, ou redução de cerca de 60% em relação ao seu desempenho anterior.
Essa queda, embora ocorra em pleitos com diferentes conjunturas e adversários, evidencia a dificuldade da ex- senadora em manter sua base eleitoral tradicional. A mudança de partido, o distanciamento da linha de frente da política durante alguns anos e o novo cenário de polarização também podem ter influenciado no enfraquecimento de seu desempenho.
Além disso, o eleitorado de Lagoa Vermelha - como em outras cidades do interior gaúcho - tem demonstrado maior volatilidade nos últimos anos, com foco em renovação, novas lideranças e alianças mais regionais.
O caso de Ana Amélia serve de termômetro para analisar como mesmo nomes consolidados podem enfrentar retração política quando não sustentam presença ativa junto às bases ou quando o contexto político se transforma de maneira acelerada.
RONALDO SANTINI E O NOVO CICLO
A sucessão estadual e federal em 2026 já começa a provocar reações nas forças políticas de Lagoa Vermelha. Ressaltamos a afirmativa em várias colunas. Um dos nomes mais mencionados nos bastidores é o de Ronaldo Santini, deputado estadual e atual secretário estadual do Turismo no governo de Eduardo Leite. Com forte ligação com o município, Santini volta ao radar local como figura de destaque no xadrez eleitoral.
FORÇA LOCAL E DESEMPENHO EM 2018
Natural de Lagoa Vermelha, Santini alcançou em 2018 a maior votação da história recente do município para um candidato federal: 6.598 votos, o equivalente a 44% dos votos válidos. Na ocasião, concorreu pelo PTB e conquistou uma das cadeiras da Câmara dos Deputados. A marca ainda ecoa como símbolo de sua força eleitoral no município.
TRAJETÓRIA NAS URNAS
Ronaldo Santini acumula uma trajetória sólida:
• 2018 - Deputado Federal: 68.178 votos
• 2014 - Deputado Estadual: 47.829 votos
• 2022 - Deputado Estadual (eleito pelo Podemos): 28.294 votos
BASE POLÍTICA EM LAGOA VERMELHA
O Podemos conta em Lagoa Vermelha com duas lideranças de peso: o vice-prefeito Alessandro Muliterno e o vereador Clacir Francisco Bonatto. Ambos são nomes de expressão no município e podem desempenhar papel decisivo na consolidação do apoio a Santini, ampliando sua performance eleitoral em 2026.
EFEITO NAS ARTICULAÇÕES LOCAIS
Com o avanço do nome de Santini, é possível que o Podemos se fortaleça ainda mais em Lagoa Vermelha, influenciando também a sucessão municipal de 2028. A movimentação do partido deve ser observada com atenção, uma vez que articulações estaduais costumam repercutir diretamente no jogo local. Santini, por sua vez, sinaliza disposição para manter bases próximas e atentas ao que acontece no município onde tem sua origem política.
COMPARATIVO: O PESO DA
ORIGEM E O RITMO DAS URNAS
Embora disputas ao Senado e à Câmara tenham naturezas distintas - uma majoritária e outra proporcional, o comparativo entre Ana Amélia e Santini em Lagoa Vermelha revela nuances interessantes. Ana Amélia, em 2010, atingiu 13 mil votos como senadora. Santini, em 2018, conquistou 6,5 mil votos como deputado federal. Ambos foram os mais votados no município em seus respectivos pleitos e souberam capitalizar sua ligação com a cidade natal.
Por outro lado, o desempenho de Ana Amélia em 2022 aponta para uma queda significativa na capilaridade local. Já Santini mantém, até aqui, uma base eleitoral relativamente estável e ativa em Lagoa Vermelha, mesmo após mudanças de partido e transição entre cargos legislativos e executivos.
A DINÂMICA DO ELEITORADO LAGOENSE
Os casos de Ana Amélia Lemos e Ronaldo Santini ilustram bem como o eleitorado de Lagoa Vermelha é, repito, criterioso, porém volátil. A origem local é valorizada, mas não é garantia de fidelidade duradoura. A presença constante, a renovação de propostas e a manutenção de laços com o município são fatores essenciais para sustentar desempenho nas urnas. Ana Amélia enfrentou os efeitos do afastamento da linha de frente da política, da mudança de partido e da reconfiguração ideológica no Estado. Santini, por sua vez, permanece ativo, com mandato vigente (licenciado) e participação direta no Executivo estadual, o que o mantém visível perante a base.
GABRIEL DEFENDE PEDRO WESTPHALEN
Durante entrevista concedida ao Folha News, o ex- vereador e servidor da Saúde, Gabriel Vieira, revelou uma sinalização política relevante: sua preferência por Pedro Westphalen como novo nome do PP para a disputa à Câmara Federal em 2026. O posicionamento se dá em meio à possível candidatura de Covatti Filho ao governo do Estado, o que deixaria uma lacuna importante no Progressistas.
EXPERIÊNCIA E LIGAÇÃO COM A SAÚDE
A escolha de Gabriel tem fundamento. Pedro Westphalen é médico, ex-secretário estadual da Saúde, ex-presidente da Assembleia Legislativa e detentor de trajetória sólida no parlamento. A defesa feita por Gabriel destaca especialmente sua ligação com pautas estruturantes da saúde pública, área em que o parlamentar atua com propriedade e visão técnica.
Em um momento de escassez de lideranças federais que conheçam o interior e que estejam dispostas a tratar com seriedade os gargalos da saúde pública, a sugestão de Westphalen se mostra coerente e conectada à realidade dos municípios.
ANTECIPAÇÃO POLÍTICA
E LEITURA DE CENÁRIO
O gesto de Gabriel representa uma leitura de médio prazo: caso Covatti Filho avance para o Executivo estadual, o PP precisará reposicionar suas bases em nível federal. Antecipar essa discussão e propor um nome técnico, respeitado e com capacidade de articulação suprapartidária, pode ser uma jogada estratégica. É uma movimentação que sinaliza maturidade política e que busca, sobretudo, garantir representação efetiva em Brasília.
FRAGMENTAÇÃO E
DESAFIO INTERNO NO PP
Entretanto, o cenário está longe de ser unificado. A votação expressiva de Covatti em 2022, com exatos 4.000 votos em Lagoa Vermelha, agora estará em disputa. Com quatro vereadores no Legislativo municipal, cada qual com autonomia e influência regional, o Progressistas poderá enfrentar divisões internas quanto à definição de apoio federal.
Além disso, integrantes do governo municipal ligados ao PP podem buscar alternativas distintas. Esse contexto exige habilidade de articulação, algo que Gabriel demonstra ao iniciar o debate em torno de um nome que pode agradar tanto ao campo técnico quanto à ala mais tradicional do partido.
OUTROS NOMES NO RADAR
Embora Gabriel tenha sinalizado preferência por Pedro Westphalen, o nome de Sandro Franciscatto, atual assessor parlamentar, desponta como pré-candidato a deputado estadual pelo PP, com o apoio de lideranças de Lagoa Vermelha. Com trabalho prestado no município e inserção política consolidada na região, Sandro se apresenta como uma das principais apostas do partido no próximo pleito estadual.
PAPARICO BACCHI E A INTERROGAÇÃO
ELEITORAL EM LAGOA VERMELHA
Nas eleições de 2022, o deputado estadual Ederildo Paparico Bacchi (PL) obteve 381 votos em Lagoa Vermelha, um número modesto diante do tamanho do eleitorado local. Ainda assim, foi eleito, impulsionado por sua votação em outros municípios do Estado. Paparico, que já foi prefeito de São João da Urtiga, é reconhecido como uma das lideranças políticas identificadas com a região nordeste do Rio Grande do Sul.
Antes de integrar os quadros do Partido Liberal, Paparico teve passagem pelo PDT, o que marca uma mudança ideológica acentuada em sua trajetória. A migração para o campo conservador foi acompanhada de um reposicionamento político mais alinhado ao bolsonarismo.
Para 2026, há expectativa de que busque a reeleição à Assembleia Legislativa, mas algumas dúvidas permanecem quanto à sua força eleitoral em Lagoa Vermelha. Com três vereadores atualmente na Câmara Municipal, o PL tem presença consolidada no Legislativo local, mas ainda não está claro se haverá apoio partidário direto à candidatura de Paparico.
Sua presença discreta no município desde a eleição levanta questionamentos sobre sua capacidade de mobilização local. Repetirá os 381 votos? Aumentará sua votação? Quem o apoiará desta vez? Questões abertas em um cenário em constante reconfiguração.
MACARI
O vice-presidente do PSDB, Pedro Macari, questionado sobre seu futuro político, disse que aguarda a movimentação partidária que antecede o pleito de 2026. Sua permanência no PSDB é incerta.