COLUNISTAS
1º/08/2025
“O PDT ENTROU EM DECADÊNCIA E
NÃO CONSEGUIU SE RONOVAR”
Em entrevista concedida no estúdio do Folha News, o cientista político, professor universitário e colunista do Jornal Folha do Nordeste, Cláudio Damin, fez uma análise franca e contundente sobre o atual momento do PDT em Lagoa Vermelha. Segundo ele, o partido que já comandou o município por 16 anos consecutivos não soube se reinventar após perder o poder, e hoje enfrenta uma crise profunda de identidade, lideranças e perspectivas.
- “O PDT foi durante muito tempo o maior partido da cidade. Mas após perder a eleição de 2016, entrou em franca decadência. E o mais grave é que não conseguiu se renovar”, afirmou Damin, que por anos fez oposição ao grupo pedetista local.
LIDERANÇAS REPETIDAS E
FALTA DE NOMES NOVOS
Damin lamentou que o partido continue dependendo das mesmas lideranças que já protagonizaram derrotas eleitorais. Segundo ele, a ausência de nomes novos compromete a capacidade do PDT de reconquistar a confiança do eleitorado lagoense.
- “Na última eleição, por absoluta falta de opção, o partido teve que recorrer novamente ao ex-prefeito Getulio Cerioli. Isso mostra que não há um projeto claro de renovação interna. Fica tudo muito concentrado em torno de figuras já conhecidas e desgastadas”, destacou.
APOSTA EM FELIPPE RIETH É
TENTATIVA DE RECONSTRUÇÃO
Ao comentar a futura filiação do ex-prefeito de Capão Bonito do Sul, Felippe Rieth, ao PDT de Lagoa Vermelha, Damin avaliou que a movimentação pode representar uma tentativa de reconstrução. No entanto, ponderou que a aceitação de lideranças de fora do município pelo eleitorado local ainda é incerta.
- “Felippe é uma liderança forte, articulada, tem boa imagem. Mas ainda é um nome vinculado a outro município. Não sabemos como o eleitor lagoense reagirá a isso, principalmente se a ideia for lançá-lo como candidato a deputado ou, futuramente, a prefeito”, comentou.
EFEITOS DO DISTANCIAMENTO DO PODER
Para Cláudio Damin, o esvaziamento do PDT é típico de partidos que deixam o poder sem um plano de transição ou continuidade. A ausência de mandato eletivo, a saída de filiados e a falta de mobilização em nível de base estariam contribuindo para o declínio da legenda.
- “Quando um partido sai do poder, naturalmente perde visibilidade. Mas o PDT não fez o dever de casa. Não formou novas lideranças, não buscou a juventude, não renovou o discurso. Hoje é um partido com pouca expectativa de poder e sem protagonismo”, analisou.
ASCENSÃO DE OUTRAS FORÇAS:
O PT COMO NOVA OPOSIÇÃO?
Outro ponto levantado por Damin foi a ascensão do Partido dos Trabalhadores em Lagoa Vermelha, que começa a ocupar espaços deixados pelo PDT, principalmente no campo da oposição.
- “Na última eleição, o nome de Alaor Scariot, do PT, mesmo sem vencer, teve desempenho surpreendente. Isso sinaliza que o eleitor progressista pode estar migrando para uma nova referência. O PT começa a se posicionar como segunda força, e isso é um alerta para o PDT”, afirmou.
FALTA DE PROJETO E RISCO
DE ISOLAMENTO
Damin ainda fez um alerta estratégico: se o PDT não estabelecer alianças sólidas e não apresentar um projeto coerente e competitivo para as próximas eleições, corre o risco de isolamento político, especialmente em um cenário onde outras siglas têm crescido e se articulado melhor.
- “O PDT não pode entrar em mais uma eleição apenas para marcar posição. Se quiser voltar a ser relevante, precisa urgentemente repensar sua atuação, abrir espaço para novas lideranças e dialogar com outras forças políticas. Do contrário, o risco de tornar-se um partido nanico é real”, finalizou.
VOTOS DO PT PARA DEPUTADO
ESTADUAL EM LAGOA
A votação de 2022 em Lagoa Vermelha revela, mais uma vez, o comportamento do eleitorado local diante das candidaturas do Partido dos Trabalhadores (PT) à Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul. Embora o partido tenha uma base consolidada em nível estadual e nacional, o desempenho no município foi discreto, porém diversificado em nomes.
O petista mais votado foi Claudiomiro Fracasso, com 767 votos, ocupando a quarta colocação geral no município, atrás apenas de Ronaldo Santini (PODE), Silvana Covatti (PP) e Rodrigo Lorenzoni (PL). Além dele, Helenir Schurer somou 115 votos, seguida de Leonel Radde com 46, Jeferson Fernandes com 35 e Gilberto Vargas com 27 votos.
Outros nomes petistas também foram lembrados nas urnas lagoenses, ainda que com votação mais modesta, como Adão Pretto Filho (25), Miguel Rossetto (21), Eva Lorenzato (21), Ivar Pavan (11), Ivan Duarte (6), Paulo Berquó (5), Halley de Souza (4), Stela Farias (4), Ana Ines Affonso (4), Gerri Sawaris (3), Gabrieli Vaz (3), Valdeci Oliveira (3), Fernando Marroni (3), Rita Della Giustina (3), Alberto Heck (3), Adalberto Noronha (2), Márcia Fumagalli (1), Emanuel Hassen (1), Ubirajara Teixeira (1), Alex Boscaini (1), Ágata Mostardeiro (1), e Margarete Ferretti (1).
PULVERIZAÇÃO DA VOTAÇÃO
O resultado mostra uma pulverização da votação entre várias lideranças petistas, reflexo talvez da ausência de uma candidatura única com forte identificação local. Mesmo assim, o desempenho de Fracasso indica que o PT possui ressonância em determinados segmentos da comunidade lagoense.
Para o futuro, caberá ao partido reorganizar sua base, fortalecer lideranças com identidade regional e apostar na renovação de nomes que dialoguem com a realidade local, se quiser ampliar sua representatividade eleitoral em Lagoa Vermelha.
PROGRESSISTAS CONCENTRA
FORÇA EM SILVANA
Nas eleições de 2022, o Progressistas (PP) manteve presença expressiva em Lagoa Vermelha, com Silvana Maria Covatti liderando a votação do partido ao somar 1.238 votos, ficando na segunda colocação geral no município. Esse desempenho confirma sua influência regional e a identificação com o eleitorado local.
Contudo, outros candidatos do PP obtiveram votações menores, mostrando certa pulverização de votos. Entre os nomes com destaque, Guilherme Pasin recebeu 157 votos, João Ervino Fischer teve 37, Ernani Polo somou 35, Luís Fernando Pires recebeu 31, e Zilá Maria Breitenbach obteve 16 votos.
Além deles, figuras como Salmo Dias de Oliveira (14), Adolfo Brito (3), Patrício Antunes (5), Lucio Prado Nunes (7), Regis Hahn (7), Issur Koch (7), Luis Augusto Bringmann (5) e outros nomes apareceram nas urnas lagoenses com votações menores, evidenciando que, embora o PP mantenha força política local, falta um nome estadual com ligação direta ao município.
Para as próximas eleições, o desafio do Progressistas será transformar a ampla base política local em uma votação mais coesa, seja por meio do fortalecimento de lideranças regionais ou pelo apoio concentrado a candidatos com maior inserção em Lagoa Vermelha.
MDB MANTÉM PRESENÇA DISCRETA
A votação do MDB em Lagoa Vermelha nas eleições de 2022 para deputado estadual expõe um cenário de presença modesta e ausência de uma candidatura com forte identificação local. O emedebista mais votado foi Arlindo Lopes, que obteve 514 votos, ficando na quinta colocação geral no município - um desempenho expressivo em relação aos demais nomes da sigla, mas distante dos líderes do pleito.
Outros candidatos do MDB receberam votações pontuais: Carlos Búrigo teve 110 votos, Dirceu Franciscon e Tiago Simon somaram 45 cada, Gilberto Capoani e Vilmar Zanchin ficaram com 40 e 35 votos, respectivamente. Já nomes tradicionais como Juvir Costella, Roberto Fantinel, Patrícia Bazotti, Valdir Machado, Luciano Silveira e Antônio Cícero receberam entre 1 e 5 votos, sinalizando um vínculo mais frágil com o eleitorado local.
PROJEÇÃO REGIONAL
Apesar de ser um dos partidos mais tradicionais do Rio Grande do Sul e de até então possuir base histórica no município, o MDB não apresentou uma candidatura estadual de forte projeção regional que mobilizasse os eleitores de Lagoa Vermelha de forma significativa.
Para os próximos pleitos, o MDB precisa refletir sobre esse distanciamento e avaliar a viabilidade de lançar lideranças locais com densidade eleitoral para ampliar sua presença também na esfera legislativa estadual. Uma estratégia que valorize o enraizamento territorial pode ser o diferencial para reverter esse quadro e fortalecer o partido como protagonista político em todas as esferas. No momento, o MDB sequer conta com representante no Legislativo, fato que há muito tempo não ocorria.
DESCONEXÃO ELEITORAL: PDT PERDE FÔLEGO
Nas eleições de 2022 para deputado estadual, o PDT apresentou um desempenho modesto em Lagoa Vermelha, mesmo contando com nomes com vínculo direto ou regional. O pedetista mais votado foi Pedro Justino Incerti, natural de Lagoa Vermelha, embora atualmente residindo em Caxias do Sul, que somou 162 votos no município. Logo atrás aparece Gilmar Sossella, ex-deputado com base em Tapejara, que obteve 142 votos.
Apesar da ligação territorial de ambos, os números revelam um desgaste ou distanciamento do partido junto ao eleitorado local, o que contrasta com o histórico de protagonismo que o PDT já exerceu em Lagoa Vermelha, especialmente com a eleição de prefeitos e vereadores em diferentes ciclos políticos.
Outros nomes do partido obtiveram votações ainda menores, como Luis Rogério Marenco (89 votos), Tadeu Trindade (29), Tiago Madeira (16), José Clemente Corrêa (12), Márcio Bins Ely (5), Odair Scorsatto (5), Silvio Rafaeli (3), Luciano Zini (3), Luciano Lima Wesp (1) e Eduardo Loureiro (1).
A dispersão e o baixo desempenho, mesmo com nomes ligados à cidade ou à região, apontam para um desafio estratégico do PDT: reconectar-se com a base eleitoral local e formar novas lideranças que resgatem a identidade do partido em Lagoa Vermelha.
Com a força que já teve no cenário municipal e ainda mantendo espaço institucional, o PDT precisa repensar seu papel estadual no município, para que o eleitor lagoense volte a se enxergar representado em candidaturas com voz ativa na Assembleia Legislativa.
PL, CAPILARIDADE NO
ELEITORADO CONSERVADOR
Nas eleições de 2022 para deputado estadual, o Partido Liberal (PL) teve desempenho relevante em Lagoa Vermelha, impulsionado principalmente pela votação expressiva de Rodrigo Lorenzoni, que recebeu 1.075 votos no município, ficando em terceiro lugar geral - atrás apenas de Ronaldo Santini (PODE) e Silvana Covatti (PP). A votação de Lorenzoni foi alavancada pelo alinhamento ao bolsonarismo e por sua presença destacada na mídia gaúcha, ainda que não possua ligação direta com a cidade ou a região.
Outros candidatos do PL também somaram votos, embora em menor escala: Paparico Bacchi (381 votos) e Márcio Patussi (165 votos) obtiveram números expressivos dentro do partido. No entanto, a votação dos demais nomes caiu significativamente: Paula Lima (24 votos), João Batista de Lima (19), Adriano Dornelles (12), Alexandre Bobadra (3), Jackson Rabuske (2), Neiva Marques (1), entre outros, revelando uma fragmentação clara e ausência de lideranças locais consolidadas.
O desempenho geral do PL mostra que o partido possui capilaridade no eleitorado conservador e foi beneficiado pela onda nacional de apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro, mas a força partidária no plano estadual ainda não encontrou um nome forte com identidade regional em Lagoa Vermelha. A legenda cresceu substancialmente no município e é hoje uma das protagonistas da política local - reflexo da composição da atual administração municipal e da presença de vereadores eleitos. No entanto, o desafio para os próximos anos será transformar esse espaço conquistado em nomes com densidade eleitoral própria para disputar vagas na Assembleia Legislativa.
Se quiser avançar eleitoralmente, o PL terá que investir em renovação política com rosto local, fortalecendo quadros que possam canalizar o voto de fidelidade ideológica com identidade comunitária. O caminho está aberto - mas requer estratégia, articulação e foco.