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Reformas já - 1º/08/2025

Está ficando muito difícil viver neste pedaço de chão que tanto amamos e chamamos de Brasil.
Ao olhar com calma, fica fácil detectar que a política imposta e regrada pela nossa Constituição funciona como um manual de como exercitar o corporativismo e privilegiar determinadas classes, em detrimento do todo.
Temos uma Constituição prolixa, extensa, que abre espaço para as mais variadas interpretações, quando deveria ser sucinta e regulamentada por leis ordinárias e atualizadas.
Em um artigo assinado por Túlio Milman e publicado na Zero Hora, constava a seguinte frase: “Brava gente, Brasil, um país onde os poderosos têm projeto de governo, e o governo tem projeto de poder.”
Julguei como “matadora de charada” a afirmativa acima, pois fazer política nesta terra, com raras e gratas exceções, tornou-se um jogo sujo, de braços abertos para a corrupção e um cobertor de privilégios para algumas classes que flanam com tranquilidade, sem preocupações, sem consciência pesada, e que desconhecem totalmente suas responsabilidades sociais - com aqueles que produzem riquezas e geram impostos.
A expansão dos gastos com a máquina pública é uma grande verdade em todos os níveis - federal, estadual e municipal. Cada serviço ou benefício ao povo é traduzido em aumento de impostos e em mais burocracia.
Foi exatamente assim que chegamos a mais de 37% do PIB em forma de tributos, tudo acompanhado de uma prestação de serviços públicos com graves deficiências.
A queda da atividade econômica é visível. Com isso, gradativamente, a recessão toma forma. A tendência ao desemprego alcança níveis que impressionam, os juros se elevam e a inflação corrói os salários e os lucros das empresas, multiplicando a inadimplência.
Os efeitos colaterais da forma como estamos sendo governados causam sacrifícios enormes à população, produzindo feridas profundas, cuja cicatrização não sabemos quando ocorrerá - mas temos certeza de que as marcas e cicatrizes permanecerão por muitos anos.
A situação é gravíssima: o PIB acumula quedas de 5% ao ano, e os juros da dívida pública giram em torno de R$ 500 bilhões.
Todos os dias, novas notícias nos informam que quem faz a regra do jogo é o Legislativo - infelizmente, normalmente baseado em interesses corporativos, quando o foco deveria estar voltado para os interesses e necessidades do povo.
Fica, então, uma pergunta a ser respondida:
Sendo o Legislativo eleito para representar o povo e defender seus direitos, o nosso está cumprindo suas finalidades ou não? A resposta todos sabem.
Vamos analisar a situação do nosso Rio Grande, atolado em dívidas, um estado falimentar, sem uma luz no fim do túnel e, pior, sem projetos claros e objetivos que possam reacender a esperança.
O que vemos é uma crise sem precedentes: aumento de impostos, estradas em péssimo estado de conservação, dívidas em atraso, entre outros males - mas tudo isso sem que se apontem os verdadeiros culpados pela situação.
Pois bem, este ano nosso Estado fechará com um déficit orçamentário muito superior ao do ano passado - e tudo indica que essa realidade se repetirá nos próximos anos. Até o momento, as soluções apresentadas se resumem, timidamente, ao aumento de impostos e ao sacrifício do funcionalismo. Não de todos, mas justamente daqueles que recebem os menores salários, têm seus proventos parcelados e são os responsáveis por garantir ao povo educação, saúde e segurança.
Os demais - que parecem não ser funcionários públicos - demonstram não estar preocupados com o estado de calamidade. Amparados na frágil desculpa da independência dos poderes, recebem os maiores salários, todos em dia, adornados com inúmeros “penduricalhos”.
Fatos que causam nojo e desesperança, pois é exatamente o Poder Legislativo, que se diz representante do povo, de quem se esperaria um grito em alto e bom som:
“A dívida do Rio Grande é nossa. Vamos dividir responsabilidades!”
Já o Judiciário, que se declara guardião da justiça, segue apegado ao corporativismo que, infelizmente, só produz injustiça.

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