COLUNISTAS
Brasil: O labirinto polÃtico e um sistema de governo que desafia qualquer entendimento - 1º/08/2025
TOTAL IMPARCIALIDADE
POLÍTICA E IDEOLÓGICA
Não há quem tente analisar e entender o sistema político brasileiro - referindo-se a como ele deveria funcionar, pois é sabido que a “nuvem de fumaça” é intencional - e não entre em uma imersão confusa.
Nosso sistema de governo é um verdadeiro bicho de sete cabeças: um emaranhado de regras e práticas que, em tese, deveriam garantir estabilidade - algo que, é justo reconhecer, até se esboçava no início de 2011, após uma crise superada. No entanto, na prática, esse sistema frequentemente se inverte, empurrando o país para novos impasses. Compreender essa dinâmica - que, não por acaso, parece feita para não ser compreendida - é o primeiro passo para qualquer debate sério sobre os rumos do Brasil.
A COMPLICADA DANÇA
DO PRESIDENCIALISMO
DE COALIZÃO
No centro de tudo está o presidencialismo de coalizão. O Presidente, eleito diretamente pelo povo, detém o comando do país e o representa internacionalmente. Mas, para realmente governar, especialmente diante de um Congresso que mais se assemelha a uma Torre de Babel de partidos, ele precisa formar alianças.
E é aí que começa a dança: montar coalizões com diversas siglas partidárias. Isso envolve negociar apoios, ceder cargos, abrir mão de ministérios e dividir parcelas do poder - tudo em nome da governabilidade.
(Tudo isso, vale lembrar, não é novidade.)
Porém, essa necessidade de “juntar as peças”, apesar de refletir uma tentativa democrática, gera situações estranhas:
• Fragmentação partidária: Com tantos partidos, formar uma maioria sólida é um desafio. As negociações são extensas, instáveis e frequentemente improdutivas.
• A barganha do apoio: O apoio nem sempre vem por afinidade ideológica. Muitas vezes, o que prevalece são interesses pragmáticos e pessoais - o famigerado "o que eu ganho com isso?". Isso prejudica a transparência e a própria governabilidade.
• Crises constantes: Basta um partido importante abandonar a base para que a coalizão desmorone. Em questão de dias, o governo pode se ver em apuros - e o país, novamente, em crise.
O CONGRESSO
NACIONAL: UM GOLIAS
QUE PODE PARAR TUDO
O Congresso Nacional - formado pela Câmara dos Deputados e pelo Senado - detém poderes amplos. Fiscaliza o Executivo, cria leis e decide os rumos do Orçamento Federal. Contudo, sua relação com o Planalto é marcada por um eterno cabo de guerra.
O Legislativo:
• Impõe limites aos projetos do Executivo, alterando ou barrando propostas.
• Cria CPIs (Comissões Parlamentares de Inquérito), colocando o governo sob constante escrutínio.
• Determina o destino de cada centavo do orçamento nacional.
Essa força, aliada à já citada fragmentação partidária, frequentemente paralisa o país. Projetos importantes se acumulam, acordos emperram e há uma constante troca de foco público a cada novo evento político ou escândalo, seja interno ou externo.
O JUDICIÁRIO NA RIBALTA:
QUANDO O TAPETE É PUXADO PARA OS TRIBUNAIS
Para completar esse quebra-cabeça institucional, o Judiciário - especialmente o Supremo Tribunal Federal (STF) - vem assumindo protagonismo crescente.
Em muitos países, o Judiciário atua como intérprete das leis. No Brasil, ele se tornou árbitro de disputas políticas que, em tese, deveriam ser resolvidas entre os poderes Executivo e Legislativo.
Essa atuação pode ser vista sob dois prismas:
• Guardião da Constituição: O STF tem um papel crucial na defesa dos direitos fundamentais e no combate a abusos de poder.
• Fator de incerteza: Por outro lado, decisões judiciais sobre temas eminentemente políticos podem gerar instabilidade, interferindo no equilíbrio entre os poderes e alimentando insegurança jurídica.
UM MODELO NA UTI: VENTILAÇÃO MECÂNICA NA
DEMOCRACIA
A combinação de um presidencialismo que depende de alianças frágeis, um Congresso disperso e um Judiciário ativista gera um sistema de freios e contrapesos extremamente sensível. Um modelo que, embora tenha mecanismos de controle, vive no limite da disfunção.
As consequências são claras:
• Uma burocracia asfixiante, com processos decisórios lentos e ineficazes.
• Desgaste político contínuo, com trocas constantes de ministros e lideranças.
• Insegurança crônica, tanto para os brasileiros quanto para investidores estrangeiros.
CONCLUSÃO: UM
LABIRINTO DE INTENÇÕES
E CONTRADIÇÕES
Nosso sistema de governo não é confuso por acidente. É o resultado de uma estrutura desenhada para equilibrar representatividade e controle, mas que, no processo, criou um labirinto institucional onde o mínimo consenso é a única forma possível de seguir em frente. A negociação tornou-se a regra - e o caos, infelizmente, uma constante.