COLUNISTAS
Estâncias 24/10/2025
A estância gaúcha foi criada em 1634 pelo padre jesuíta Cristóbal de Mendonza, que trouxe da Argentina mil cabeças de gado bovino.
Esse gado foi distribuído em “estâncias”, algumas delas situadas longe das Missões, como a de Santa Tecla, hoje localizada no município de Bagé.
Por essa razão, os índios foram treinados para andar a cavalo e passaram a ser chamados de “vaqueros”.
Com a expulsão dos jesuítas, muito gado permaneceu na região, e o homem branco - espanhol ou português - foi se apropriando das terras, organizando as suas próprias estâncias e já registrando marca e sinal, prática que persiste até hoje.
Essas primeiras estâncias tinham como limites rios, montes e matos.
Os jesuítas também orientavam os índios a escavar extensos valos para delimitar as áreas de campo, como ainda se pode ver na Estância Guabijutujá, em Tupanciretã.
Posteriormente, com o uso de mão de obra escrava, surgiram as cercas de pedra. Já na metade do século XIX, aparece a cerca de arame, demarcando potreiros, invernadas e postos.
A estância gaúcha tradicional é composta pelas casas - onde mora o proprietário com sua família -, pela casa do capataz e pelo galpão da peonada, que abrigava trabalhadores especializados: domadores, alambradores, tropeiros, peões caseiros, guasqueiros, entre outros.
No galpão, cada peão tem seu catre, tarimba ou cama (atualmente, muitas vezes um beliche), e ali arde sempre o fogo-de-chão, ponto de encontro para o mate e o churrasco.
As mangueiras, que podem ser de pedra, arame, tábua ou varejão (troncos), incluem a mangueira grande, o curro, o tronco e os bretes - currais utilizados para encerrar o gado em determinados trabalhos.
Há também o banheiro, grande para o gado vacum e pequeno para o rebanho ovino, onde os animais são banhados com remédios contra sarna, carrapato e outros parasitas.
Próximos às casas estão o potreiro da frente e o piquete, onde se soltam os animais de trabalho e de consumo.
Mais afastadas, as invernadas, quase todas com nomes próprios - Invernada da Tapera, do Coqueiro, do Cerro, do Valo -, onde se cuida do gado e se localiza o parador do rodeio, ponto de reunião dos animais para apartes e outras lidas campeiras.
Nas grandes estâncias existiam ainda os postos, administrados por um posteiro, que morava num rancho com sua família.
Próximos aos matos ou aos rios, viviam os agregados, pessoas amigas do proprietário que recebiam permissão para construir um rancho nos campos, criando algumas vacas de leite, ovelhas, galinhas e porcos, e cultivando uma pequena horta.
As habitações desses agregados eram simples casebres de barro, cobertos de palha e desprovidos de conforto. Possuíam apenas um barril para água, uma guampa para leite e um espeto para assar carne. A mobília raramente passava de três peças.
Os momentos de lazer ocorriam nos bolichos, pequenas casas de comércio à beira de estrada, e nas festas religiosas das capelas locais, que reuniam toda a comunidade das estâncias.
Nesses encontros nasceu o folclore do Rio Grande do Sul, entre relatos de causos ao redor do fogo, carreiras de cavalos e trocas de experiências sobre a vida campeira.
O empregado da estância, com sua lida, costumes e valores, foi um dos formadores da figura do gaúcho. Fonte: Campereando a História Gaúcha.


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