COLUNISTAS
Formação polÃtica 14/11/2025
Fenômenos que ainda não consigo entender, nem tampouco digerir. Como brasileiro - e aqui vai um elogio à maioria esmagadora dos irmãos de pátria - somos um povo trabalhador, pacato e, ao mesmo tempo, passamos a sensação de que gostamos de ser enganados.
Esse clima de enganação não é exclusividade dos dias atuais. Se voltarmos ao passado, à história, veremos que isso sempre existiu, atravessou diferentes sistemas e formas de governo instalados no país e, nós, como cordeiros, pouco reagimos. Na maioria das vezes, batemos palmas e permitimos o crescimento dos erros.
Perdoem-me as raras exceções que existiram e ainda existem, mas, na política, tem se consagrado a luta surda pelo poder, sem qualquer preocupação com os meios e as formas. Isso escancara as portas para aberrações, escândalos e para essa chaga que chamamos de corrupção.
Erramos para depois tentar corrigir. O começo foi a escolha dos que vieram de Portugal para povoar o Brasil: desempregados, pessoas sem qualquer especialização, muitos condenados por crimes. Depois, aqui aportaram imigrantes de outros países, quase todos com a mesma finalidade: explorar as riquezas naturais.
Pensou-se em plantar e colher, achar ouro e pedras preciosas. Mas, para isso, eram necessários trabalhadores, braços. Surgiu então a “brilhante ideia” de importar, através dos navios negreiros, os pobres africanos, arrancados de suas famílias, de sua terra natal e submetidos ao trabalho escravo, tratados de maneira desumana - nódoa que mancha a nossa história e, até os dias atuais, nos envergonha, sem solução plena.
Diante disso, permanecem algumas dúvidas, entre as quais: nós, brasileiros, um dia vamos aprender que a transparência é um dos pilares mais sólidos da democracia? Por que uma biografia livre de suspeitas de desvios éticos não é decisiva nas eleições? Seriam os aspectos culturais os responsáveis por deixar a ética em segundo plano na hora do voto?
Quando observamos reações muito diferentes em outros países diante do desvio de conduta e da falta de ética - onde as leis são cumpridas com rigor -, aqui no Brasil consagramos o já famoso “jeitinho brasileiro” de levar vantagem em tudo.
Pretendo, caro leitor, que você faça uma análise dos nomes abaixo: Paulo Maluf, Renan Calheiros, João Paulo Cunha, Natan Donadon, Fernando Collor, Antônio Palocci, Demóstenes Torres, José Roberto Arruda, Luiz Estevão, Joaquim Roriz, Eduardo Azeredo, Severino Cavalcanti, Orlando Silva, Carlos Lupi, Jader Barbalho, turma do “mensalão” - e tantos outros que poderiam constar desta lista, mas, na verdade, faltaria espaço.
Depois de uma análise criteriosa, responda: se essas pessoas morassem e fossem suspeitas em outros países, como China ou Rússia, estariam livres, soltas, “dando as cartas”, elegendo-se graças ao apoio de seus pares ou de seus eleitores?


Radar ON-LINE: