COLUNISTAS
PolÃtica deturpada 15/08/2025
Está difícil encher o peito e dizer, sem ficar vermelho: “Eu vivo em um país onde impera a justiça e a igualdade”.
Na verdade, o “todos são iguais perante a lei” existe apenas em letras grifadas na nossa Constituição; na prática, é uma falácia, uma grande mentira.
A Constituição de 1988 - quilométrica, extensa e que até hoje ainda não foi totalmente concluída e regulamentada - tem servido para múltiplas interpretações e favorecido a criação de castas corporativas, abençoadas por inúmeros direitos, grande parte deles impagáveis pelo Estado. Isso tem levado o país ao caos econômico, social e moral em que se encontra.
O senhor Ricardo Felizzola, em seu artigo “A Verdadeira República”, publicado no jornal Zero Hora, foi muito feliz ao escrever, em certo trecho: “Cabe a cada um de nós não a busca de direitos, mas sim de oportunidades para colaborar com a criação de riquezas e participar desta conquista. Devemos reescrever nossa Constituição e limpar dali os conceitos absurdos de um país que vai sustentar um povo, e sim dar a liberdade para o povo reconstruir o país”.
Infelizmente, a situação aproxima-se do caos; é um verdadeiro salve- se quem puder. O cidadão de bem, aquele que pensa em trabalhar, em produzir riquezas e que acreditava no dito espalhado aos quatro ventos - o Brasil é o país do futuro - está amedrontado, sem esperanças e temendo o amanhã.
As verdades apregoadas carecem de credibilidade e, logo ali adiante, constata-se que tratavam-se de criações para iludir e enganar.
A política partidária, que em qualquer república deve ser o esteio da democracia, com foco nos anseios do povo e na luta pela justiça, liberdade e igualdade, deturpou-se aqui, no nosso Brasil, para transformar-se em uma associação especializada em mentir, enganar e acumular fortunas mal havidas.
Neste meio, os políticos honestos e idealistas - que ainda existem - são manietados e sem ação, sufocados por uma maioria cuja pauta diária não é regida pela ética e pela moral.
Aqui mesmo, no nosso Rio Grande do Sul, quando, exatamente neste 20 de setembro, comemoramos batalhas passadas, o tempo pode até andar, mas não apaga as lutas dos nossos antepassados pela liberdade, pela igualdade e pelo direito de gerir os destinos deste rincão.
A impressão que fica é que o sangue farrapo não corre mais nas nossas veias e que, como cordeiros, aceitamos esta sequência de gestores públicos incompetentes, sem vontade de lutar pelos anseios da população e, em muitos casos, empenhados apenas em fortalecer o corporativismo.
Não desejo que aconteça novamente uma Revolução Farroupilha, mas temos uma arma potente em mãos: o voto.
Bem aplicado, com razão e não com emoção, ele nos dá condições de varrer da vida pública os incompetentes, os mal-intencionados e, principalmente, aqueles que fazem da política um “toma lá, dá cá”, especializando-se na nefasta arte de mentir, enganar e esquecer de representar o povo.
Artigo publicado em 29/09/2017